Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Fala Fraju!

Francisco João di Mase Galvão, de apelido Fraju, manda lembranças:

“… tudo aquilo que foi nosso pedaço, o ‘jardinzinho’, como chamávamos a praça Napoleão Laureano.

… durante um temporal, uma árvore, bem em frente da casa do sr. Alfredo Duarte, caiu em cima do carro dele, um Ford cupê, acho que 57 ou 58. Isso foi em 1960. Amassou-o bem.

… eu tinha um rádio ‘portátil’ — para você ter uma idéia, eram necessárias seis pilhas grandes para funcionar (que portátil!?) — marca Telespark, lembra? À noite, eu, Bita, Lúcio, Paulinho e até o Robertão (que já está no céu) pediam para eu buscar a ‘mala’ (apelido do rádio) para ouvirmos a reprise do programa do Sérgio Batista, ‘Nos degraus do sucesso’, que era nas manhãs de domingo, deitados na grama do jardinzinho, olhando para as estrelas, como se fosse ‘Looking for Stars’.

… lembra-se da casa na Antônio Lobo, da antiga Estrada de Ferro Funilense, onde estava escrito ‘Turma 18’? Lá morava Neguinho, bom ponteiro esquerdo!

… de madrugada, eu ouvia o barulho dos cascos de cavalos e o ranger das carroças passando pela Rua Jorge Miranda, que era de paralelepípedos, indo para o Mercadão levar frutas, verduras, etc.. Meu quarto dava para esta rua, e, pontualmente, às três da manhã começava aquela sinfonia maravilhosa dos precursores da Ceasa.

… o Empório Guarani, na esquina da Marechal Deodoro com José Paulino, onde tinha uma parada do Bonde 3… Toda manhã, pontualmente às 6hs50ms, lá estávamos eu e o Caio, um vizinho, que morava em frente da minha casa, descendente de Libaneses, esperando o bonde Guanabara, para estudar no Liceu. Na parede deste empório estava escrito: Tel 196.  Aí, vinham as meninas do Imaculada, blusa branca e saia preta, e nós, pobres homens, no estribo, para dar lugar às damas. Existe isto hoje?

… meio-dia, eu já tinha voltado do Liceu, e o Bita, do Culto à Ciência. Lá estávamos, na minha casa, a ‘Vila Judith’, para ver as meninas do Coração de Jesus, do Ateneu, do Cesário Mota passarem: Tereza, Maria Helena, Maria Luiza Zamarion, Rosinha e sua prima…

… a placa ‘Picadilly’ (cigarros) que estava na Antonio Lobo, esquina com Jorge Miranda, no terreno onde o Giardini tinha a oficina de calhas… Isto em frente do barbeiro, Danilo era o nome dele, pegado à farmácia, que ficava quase em frente ao bar do seu José de Lima, pai do Diógenes (que também está no céu) e de suas irmãs, a Maria Eugênia (esposa do Sérgio Castanho) e da Maria José, militante política. Lá eu comprava aqueles doces realmente de bar, você sabe quais.

… para lembrar mais: em frente desta placa, tinha um ponto de carroças e mais à frente, a ‘biquinha’, um chafariz pequeno onde os cavalos bebiam água, em frente do frigorífico. Soltávamos bombas de São João na ‘biquinha’ e os cavalos, por causa do cheiro da pólvora, não bebiam. Os charreteiros ficavam loucos.

… não precisávamos saber da taxa de juros, o preço do barril de petróleo, taxa de desemprego, recorde de criminalidade, Nike, etc..

… Quanto à Tininha, não vou comentar; ela não morreu, está com Deus, contando como foi bom Ele ter-nos posto no mundo na mesma época.

Pregado no poste do Fraju: ‘Para ser feliz é preciso usar drogas?’

Pregado no (meu) poste: “D. Izelene, e o museu de brincadeiras?”

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