Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Eucalipto de Natal

A consciência verde está amadurecendo. Exceção feita aos eco-chatos, tudo o que ensina é bom. Entre as 400 “Curiosidades Católicas”, do guia do cientista Evaristo Miranda, há 85 sobre a árvore de Natal: a primeira foi um carvalho, abatido na Alemanha por São Bonifácio, em 723. “Na queda, destruiu tudo o que ali se encontrava, menos um pequeno pinheiro. Bonifácio interpretou esse fato casual como milagre. ‘Doravante chamaremos esta árvore de Árvore do Menino Jesus’”. Não sei se o livro explica aquela lenda: quando o pinheiro fica mais alto do que a casa, o dono morre.

Belo livro.

Agora, outra árvore ganha uma obra-prima, o eucalipto, que em 2008 celebrará 100 anos de Brasil. O Jornalista Luiz Roberto de Souza Queiroz e o engenheiro-agrônomo Luiz Ernesto Jorge Barrichello, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, berço de verdadeiros conhecedores e defensores do meio ambiente, se juntaram para escrever “O eucalipto – Um século no Brasil”. Esses três ‘Luízes’ valem mais dos que todos os “erres”, tão em moda no futebol. É que o trabalho deles não tem preço, tem valor; não são patrocinados por marcas, mas por raízes.

Assim como a cana, o café, a soja, a laranja e outras riquezas da terra, o eucalipto veio de fora. Há 100 anos, o gigante chamado Edmundo Navarro de Andrade informou oficialmente à campineira Companhia Paulista de Estradas de Ferro, das melhores do mundo em seu tempo, “que o eucalipto era a árvore indicada, a melhor opção para oferecer lenha renovável nas imensas quantidades que as nascentes ferrovias consumiam nas fornalhas de suas locomotivas.”.

Apesar dos ignorantes, o eucalipto é o papel do Brasil, maior produtor mundial. Sua área cultivada absorve 196 milhões de toneladas de carbono. Aqui, uma árvore cresce em seis meses; na Europa, em 70. Vai encarar? Quase dois milhões de empregos. As florestas de eucaliptos, acusadas injustamente de secar o solo e espantar bichos, abrigam as mais raras espécies de beija-flores e de mais de 300 aves. Ele propicia e protege a formação de matas e faz com que as necessidades de madeira não sejam supridas pelo que resta da Mata Atlântica e da Amazônia.

Em vez de acreditar em eco-chatos, não custa, leia esse livro e percorra eucaliptais. O pessoal da Companhia Melhoramentos, ali em Caieiras, ou da Duratex vai recebê-lo com prazer. Depois, delicie-se com o livro do Bebeto e do Barrichello, e com as fotos do Fábio Moreira Salles, que você aprenderá com quem sabe e não se enganará com quem prefere panfletos, palanques, palestras e passeatas — os “pa-pa-pa-pa-nacas”…

Pregado no poste: “Plante um eucalipto de Natal; se ele ficar mais alto que sua casa, você não morrerá por causa disso…”

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