Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2005Crônicas

Espelho, espelho nosso!

O magnífico Ginásio de Esportes “Professor Alberto Krum”, império do professor Pedro Stucchi Sobrinho, era o reinado juvenil do basquete do Cizinho Penteado, Camilinho Coelho, Dante, Dino e César Pioli, João Tojal, Lalloni, Piantoni, Sérgio Ewbank, Nelson Junque Júnior, Roberto ‘Bugue’ de Andrade, Mossa, Vita, Roberto Franco do Amaral Júnior e tanta gente boa demais que jogava patrocinada pela alma campineira. Não me lembro onde, alguém fez um furinho no vitrô, na porta ou na parede, e por ele, sondavam o vestiário das meninas, cujos nomes não ouso aqui dizer, para não complicar o currículo dos marmanjos de antanho, todos eles bem casados, bem enamorados, alguns até bem separados hoje em dia.

Naqueles tempos pudicos, era o máximo da ousadia, tamanha a distância que a escola e a família impunham a meninos e meninas. Imagine que tivemos de ver avançar os liberais anos 60s para que caísse a barreira que proibia o convívio de alunos e alunas nos mesmos pátios. Só na década seguinte é que uma garota foi capaz de reconhecer quem era o ilustre e intrépido jovem que ousou sair pelado da escola, com a cabeça escondida por um saco. “Nossa! É fulano!”. Reconhecer, mesmo sem ver o rosto, foi assunto para ano inteiro. Até hoje, como se vê…

Agora, a Maria do Cheda manda um alerta que me fez voltar àquele vestiário. Ensina a Maria como distinguir um espelho verdadeiro de um falso. Ou seja, um espelho de duas direções. Você já viu isso? Então veja. Acho que foi escrito por uma precavida portuguesa:

“Quando forem a hotéis, pousadas, casas de banho públicas, lojas etc., prestem atenção aos espelhos. Vocês podem estar a sendo observadas e por isso, não custa fazer o teste abaixo indicado pelo Serviço de Utilidade Pública em Prol da Integridade Feminina:

Não é para assustar, mas para alertar. Isto foi ensinado por uma policial. Quando as mulheres vão às casas de banho, quartos de hotel, vestiários, ginásios etc., quantas podem estar certas de que o espelho aparentemente comum, pendurado na  parede, é verdadeiro ou de duas direções?  Daqueles em que você vê a sua imagem refletida, mas alguém pode estar a vê-la do outro lado do vidro, como os do Big Brother.

Têm havido muitos casos de pessoas que instalam espelhos de duas direções em locais freqüentados por mulheres, para filmar, fotografar ou simplesmente ficar a olhar. É muito difícil identificar positivamente, o tipo de espelho, apenas olhando para ele. Então, como podemos determinar com precisão que tipo de espelho é o que estamos a ver? É muito simples. Faça apenas este teste: toque na superfície refletida com a ponta da unha. Se existir um espaço entre a sua unha e a imagem refletida, o espelho é autêntico (obs: em vez de ‘autêntico’, estava escrito ‘genuíno’, mas depois da roubalheira, no Brasil, tudo o que é genuíno é arriscado.). O espaço é equivalente à espessura do vidro do espelho, pois a parte que reflete é a do fundo do vidro e não a parte da frente.

Entretanto, se a sua unha toda diretamente a imagem, não havendo um espaço, então, cuidado com ele, pois é um espelho de duas direções.       Então, lembre-se de que cada vez que veja um espelho, faça o ‘teste da unha’. Têm de haver um espaço! Caso não haja, aproveite e chame a polícia, pois trata-se de um crime previsto na lei.

Ensinem isto às vossas amigas!

Rapazes, ensinem isto às vossas esposas, filhas, namoradas, amigas ou a qualquer mulher a que vocês queiram bem!”

Sabe do que me lembrei, caro Treco Pires Véspoli? Daquela vez que você apareceu na escola com um embrulho redondo, grandão, debaixo do braço. E sumiu antes de ir para a classe. No dia seguinte, vi duas colegas conversando (não ouso dizer o nome delas) e guardei este desabafo:

— Finalmente colocaram um espelho no nosso vestiário, você viu?

Pregado no poste: “Espelho, espelho nosso, existia alguém mais bonita do que a miss Brasil Carminha Ramasco?”

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