Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Era

Era o maior palco iluminado a céu aberto da cidade. Nossa passarela, a terra prometida dos sonhos e realidades, exibidas em vitrinas mil na maior concentração de última moda e novidades por metro quadrado. Seu cenário era uma beleza e o número 573 abrigava o primeiro quartel general dos jovens de Campinas, o pioneiro fast food, nas Lojas Americanas. Ali chegou a primeira Coca-cola, os primeiros cachorros-quentes, hambúrgueres, waffles, sundaes, a primeira banana split, os sorvetes de casquinha da Kibon, o marshmellow e a discoteca que emitiu os primeiros acordes do rock naquelas Campinas.

Era a Treze de Maio da Camisaria Modelo, casas Montemurro, Pernambucanas, Enxoval, Tomé, Paratodos, Andrez; Smanio e seu inconfundível cheiro de couro, a Oficina de Bicicletas Lunardi, Calçados Clark, Ceccato — o maior, Centro dos Alumínios Bittar, Hotel Brasil, Anauate Modas, Papelaria Anchieta, Ezequiel I, Casa Alfa (do seo Antônio da Silva Ramos), a Coteninga, Zogbi, Casas MM (Melhor tecido, Menor preço), A Soberana (do seo Sanchez), Farmácia Popular, sapatarias Portuguesa, Piccolotto e Baby (Ou Babi? Fica logo ali.).

Os bondes singravam essa antiga Rua São José: o ‘1’ (Vila Industrial, o ‘3’, (Guanabara), ‘5’ (Estação), ‘8’ (Bonfim), e o mais festivo de todos, o ‘9’, com o querido cobrador, seo Vignatti, do Botafogo, trazendo o “Culto à Ciência” para o Centro. Que farra, meu Deus!

No começo dela, abandonaram a Estação da Paulista; no fim, demoliram o Teatro Municipal e mataram o Alecrim.

A repórter Adriana Leite conta que a Treze, agora, está assim:

  1. Um operário morreu ao cair do andaime na reforma da fachada de uma loja.
  2. Uma professora caiu ao pisar em um buraco — tampas das redes de luz, telefone, água e esgoto foram furtadas.
  3. Ela é palco de inúmeros acidentes com pedestres por causa dos buracos.
  4. Luminárias que não acendem ou de baixa intensidade são comuns no Convívio
  5. Insegurança de lojistas e pedestres. Há postes com lâmpadas apagadas. O problema foi relatado à Prefeitura no mês passado. Assim como a sujeira no espelho d’água.

A diferença entre o “era” e o “está” é que Campinas era administrada por gente competente e que gostava da cidade. Mas está nas mãos de quem deve pensar que seu nome ainda é “Campinas de Mato Grosso”.

Pregado no poste: “Lulla, a Elizabeth não é parente do Zé Rainha”

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