Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Em cima da lembrança

Acho que é assim que se traduz “top of mind”, expressão que agências de reclames (elas vão chiar) usam para mostrar os anúncios mais lembrados por nós, consumidores. Outro dia, saiu uma lista dessas. Agora, imagine uma igualzinha, mas só com produtos de uns cinqüent’anos atrás – aí, sim, seria em cima da lembrança. Perguntar de que celular o povo se lembra não tem graça. Parece que foi ontem… E foi mesmo, uai! Este ano, ganhou o da Nokia. Antes,  celular tinha duas latinhas de massa de tomate Elefante, da Cica, ligadas por um ‘marrio’.

A Lacta, que vivia em cima das nossas recordações, está em terceiro, agora. O Omo não perde na disputa dos sabões em pó, enquanto a Coca-Cola… Mas você já experimentou a Gengibirra ou se lembra do guaraná da Columbia e da Vanucci? Não se esqueça de que a Gengibirra anunciava: “Boa pra arrotar”! (Nossa! A Fanta já caiu para terceiro lugar, mas o velho Minerva continua em segundo.).

Antigamente, para fazer interurbano, precisava discar 01, depois veio o 101, e se falava com a telefonista. Hoje, zero 21, zero 15, zero 31, 1 zero 2, fome zero, tolerância zero. Depende da cidade. Mas para Campinas e Pelotas, não é zero 24. E a Ana Paula Arosio nunca atende. Já os macaquinhos dela… Leite bom vinha da granja da Vila Brandina, em litro ou despejado na vasilha. Agora, é na caixinha: Batavo, Itambé, Parmalat (gozação de corintiano: o time joga e a torcida bate ‘parma’.) Já riu? Vamos nós.

Café era São Joaquim, ou Mota, do seo Amilton e da dona Zaides. Mas nestes tempos, quem ganha é o Pilão e o segundo lugar está com o Santa Clara. Conhece? ‘Top of mind’, meu! A Skol ainda está na frente da Brahma e da Antarctica. Mas sou do tempo em que se cantava assim, antes de o Alfredo Orlando e o Pereira Neto começar o “Esportes no Ar”, na PRC-9: “Mossoró, Mossoró, Mossoró… Chega sempre em primeiro lugar! Em questão de sabor e qualidade, a vencedora é Mossoró…”

O sorvete Kibon ainda está na frente. Aqui, a liderança era do Capelli, onde trabalhou o ‘sorveteiro’ e jornalista Eustáquio Gomes, da Torre di Pisa e do Spumoni. Caderneta de poupança sempre foi da Caixa Econômica Federal. Mas plano de saúde? A gente ia aos médicos e hospitais do IAPC (caixa dos comerciários), Iapetec (transportes), Iapb (bancários), IAPI (indústria), Iapfesp (ferroviários)… Cartão de credito? Era um fio de barba! Tênis? Alpargatas Roda. Supermercado? O da Santa Casa, na Barão de Jaguara. Fogão? É gostoso ver o campineiríssimo Dako, ainda, em cima da lembrança.

Cidade? Campinas. Está rindo do que, querida prefeita?

Pregado no poste: “Detetive manda investigar a mulher?”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *