Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Ela é um terror

O caso eu conto como o caso foi. Numa centenária usina de açúcar, nas barrancas do Rio Grande, os funcionários viviam como em condomínio fechado, de sólidas moradias erguidas nos anos 30: sala, três quarto, cozinha, banheiro, varanda e jardim. Pensando o quê? Casa de operário, com quintal e garagem. Uma ‘cidade’ gostosa de se viver: padaria, videolocadora, agência bancária, supermercado, farmácia, consultório médico, dentista, escolas, biblioteca, quadras de esporte com arquibancada de concreto, piscinas, pista de atletismo, ruas arborizadas e museu. Veja o nome do museu: “Nossas Raízes” – um ‘achado’, não?

Igrejas também. A católica, imensa, e as duas protestantes, menores. Muito bem freqüentadas.

Dia desses, a repórter Teresa Costa, terror dos medíocres, contou que a restauração (ou salvação?) da nossa Catedral continua, com o louvável apoio da iniciativa particular. Um dos mais belos e importantes patrimônios artísticos do Brasil, tombado para a História, conta com o reconhecimento do Banco Itaú, Petrobrás, Bandag do Brasil, Kraton, Nossa Caixa, Parque D. Pedro Shopping e dos fiéis. Essas empresas e esses abnegados religiosos merecem sempre o respeito e a admiração dos campineiros, porque guardam o que é nosso.

Sempre achei que o patrimônio religioso deve ser mantido pelos seguidores de sua fé. A população, mesmo se tratando de patrimônio histórico, não tem obrigação de bancar o que simboliza a fé de um grupo.

Não sei o que pensam os nossos leitores e especialistas e colaboradores do ‘Correio Popular’, como o professor Di Franco, os padres Pedro Cipolini e José Trasferetti, mestres e teólogos Rubem Alves e Marcos Inhauser, o frei Boff, o Ives Gandra, da Rede Vida, o ex-pastor João Nunes e o ex-seminarista Eustáquio Gomes. E a senhora, querida Alayr Ruiz, o que acha? A Teresa Costa defende que todo mundo deve participar: “É parte da história de todos e, afinal, essas empresas se valem da Lei Rouanet, uai!”

Só me lembro de que um dia, um diretor daquela usina desabafou: “Os protestantes cuidam do templo, pintam, reformam, fazem jardim… Os católicos, se queima uma lâmpada da igreja, vêm pedir para a usina…”

A Teresa estrilou: “É que os protestantes, todos!, pagam dízimo! Quantos católicos você conhece que pagam dízimo? Você paga? Então!”

Pregado no poste: “Jesus Cristo é o caminho; pedir mais cedo, o pedágio”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *