Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002

E o segredo?

Mensagem do campineiro José Francisco Borgonovi. Parece de alguém que esteve fora muito tempo e, agora, cruzou a cidade correndo, anotando tudo num bloco de papel, espantado com o que viu.
“Sou campineiro e amo muito minha cidade. Sei muita coisa que meu falecido pai contava, inclusive sobre a Catedral. Há alguns dias, li o sobre os dois anjinhos nos cofres da igreja, que ao se colocar uma moeda, automaticamente balançavam a cabecinha como se agradecessem. Também sei de um segredo na Catedral que ninguém dessa geração sabe. Inclusive das gerações passadas, pouca gente sabia. Entretanto, por enquanto, é melhor não revelar esse segredo.
O falecido Benedito Barbosa Pupo escreveu sobre algumas casas de comércio muito conhecidas na época, e que hoje não mais existem, como ‘O Livro Azul’ e a loja musical ‘Ao Rei do Violão’. Outra era o ‘Açougue Boi de Prata’, na antiga Moraes Salles, entre Regente Freijó e José Paulino. No lado de fora do açougue, afixada na parede, uma enorme cabeça de boi, feita em cimento e pintada de cor de prata, metia medo na garotada. Ao chegar perto, eu já começava aos gritos. Meu pai enfiava minha cabeça sob o paletó, para passar na frente daquilo.
Conheci a Igreja do Rosário, o Teatro Municipal. Mas não cheguei a ver o Coliseu, cinema na rua Irmã Serafina, onde está o Clube Cultura, e o Matadouro Municipal, na Vila Industrial. Além da Ponte Preta e do Guarani, havia o Esporte Clube Mogiana, Campinas Futebol Clube e o Voluntários da Pátria Futebol Clube, fundado por meu avô Januário Velloni.
Li no suplemento do ‘Correio Popular’ sobre o aniversário de Campinas, em 1999, a respeito de personagens populares, como o Mané Fala Ó, Gilda, Dito Colarinho, Coronel Receba… Conheci alguns, especialmente o seu Vignatti, cobrador de bonde. Seu nome completo era Edmundo Vignatti, conhecido pelo apelido de ‘Juventude’. Excelente pessoa, querido por todos. Jamais me permitiu viajar no estribo. Era bom, mas não era bobo: ninguém lhe tapeava para não pagar a viagem.
Não me esqueço do ‘Camilo come Sapo’ e dos mendigos ‘Seu Guarda’ e ‘Emílio Bandoni’ — este se vestia com paletó, lençol, até cobertor, mesmo no calor. E ‘Berto-Xulé’, que teve um fim trágico. Temido na cidade por sua valentia, levou uma canivetada na barriga. Saiu carregando as tripas, mas morreu a caminho do hospital. Foi na década de 30.”
Desafio: se alguém souber o segredo da Catedral, conte. O padre Caran está curioso. Será que o Borgonovi sabe quem matou o Alecrim?
Pregado no poste: “Pilantras elegem-se com votos dos ingênuos”

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