Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

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É hoje!

Daqui a pouco vai começar um espetáculo em Campinas. Digno dos melhores tempos desta cidade, quando o ensino era o centro de referência para os jovens desta terra. Tempo em que professores eram os campeões de audiência e suas aulas, a próxima atração. A escola era, a um tempo, palco e cenário maior de nossas vidas. E os alunos, a platéia que lotava todas as classes.

Quando se via um grupo de adolescentes reunidos no ponto do bonde ou do ônibus, nas lanchonetes, nos bancos dos jardins, andando pelas ruas, nas arquibancadas do Brinco ou do Majestoso, na sala de espera dos cinemas, o assunto, pode crer, era a aula de ontem, a chamada de amanhã ou a prova do fim do mês. Falava-se mais dos professores, das matérias, dos colegas de classe, do time de basquete, de vôlei ou de futebol do que dos programas de televisão. Só não se falava na escola na hora de namorar – isso, quando os casal não estudava junto, na mesma sala.

Como estará a biblioteca da dona Otávia? E o ginásio de esportes? Você consegue imaginá-lo sem seo Stucchi? E a temível Diretoria, com seo Telêmaco, Euclides e dona Celina? A cantina do Alo e do Herrera; a sala dos professores; a de Canto, da Mariinha; de Física, do Moacyr; de Química, do Basílio; de Ciências, do Calazans; de Francês da doutora Pettine e da Maria Bonjour; de Geografia, do Hilton; de Trabalhos Manuais, do Sílvio; os corredores e pátios vigiados pela Gladys, Angelina, Celina, Biojone, Cardamone, Carpino, Milton, Renato, Ravengar, Aurora, Erotildes…

Esse mundo fascinante renasce às onze horas, no lendário Colégio Culto à Ciência, escola pública de 127 anos de grandeza, resistência e dignidade. No Brasil, um milagre. Pena que o “Bonde 9” já não circule para nos levar até lá. Mas chegaremos, se Deus quiser, guiados pelo coração e pela saudade, pela memória dos mestres e funcionários que ajudaram a construir o caráter de cada um de nós.

Vamos lá, rever antigos colegas; namoradas e namorados inesquecíveis; amigos e amigas que o tempo não apaga e reverenciar nossos mestres que estão loucos para nos ver, agora, que estamos com a idade que eles tinham quando nos receberam com toda a ternura que só uma professora pode dedicar a um jovem que não é seu filho.

Pregado no poste: “Está esperando o quê?”

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