Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

É de doer

Outro dia, a imprensa noticiou que a camisinha feminina não pegou. Lançada no final dos anos 90s, as ‘otoridades’ de saúde pública esperavam que ela revolucionasse a política do quarto de dormir, conferisse mais poder às mulheres e contivesse a epidemia da Aids. Nada aconteceu. Fracasso, do primeiro ao último mundo. Uma dúvida: quarto de dormir tem política? Então é por isso.

Dizem que ela é estranha, feia, barulhenta e escorregosa (não seria ‘escorregoza’?). Testaram modelo novo no Zimbábue, mas leia o que disse uma das ‘pilotas’ de prova: “Não quero que meu marido saiba que estou usando camisinha.”.

Para ele ou para ela, insisto: é só criar modelitos adequados ao gosto da clientela e exibir nas vitrines. Camisinha com zíper, para os apressados, e com botões, para os formais – a ‘camisinha samba-canção’. Com bolsos, para os avarentos, de mangas compridas para os friorentos e sem mangas, para os calorentos. De mangas curtas, para os menos dotados, e camisolão, para os superdotados. Um modelo em cores, para os descontraídos, e estampado, para brincar no carnaval. Camisinha com barbatanas, para os impotentes; com gravata, para os grandes acontecimentos, e de colarinho, para os conservadores. Sob medida, para os exigentes; de alumínio, para os metaleiros; e de plástico biodegradável, para os ambientalistas. De mangas bufantes, para os travestis e com punhos de renda, para os aristocratas. Com abotoaduras, para os sofisticados, e, para esportistas e marqueteiros, camisinha com o nome do patrocinador. Camisinha de força, para os ‘porraloucas’ que não usam camisinha.

Veja a que ponto chega a criatividade, segundo a respeitabilíssima “Deutsche Welle” (Voz da Alemanha):

“Camisinha feminina com farpas é arma contra abuso sexual. Um aparelho genital feminino que ‘morde’ é uma ideia que aterroriza os homens. Bastou uma apresentação pública da invenção para reduzir a zero o número de estupros numa cidade da África do Sul, um dos líderes mundiais na prática desse crime. Para o estuprador, as consequências são devastadoras. Na hora em que ele tentar tirar o dito cujo, centenas de farpas perfuram a pele. O bandido tem de procurar um hospital o mais rápido possível: ela só sai com cirurgia. Não dá nem para fazer xixi, de tanto que dói. Ela fica presa ao pênis.”.

Atenção farmacêuticos de Campinas, que tal importar hoje a peça? O nome dela é Rape-aXe (ou Rapex). O ‘são’ Google ensina o caminho. Atenção cirurgiões, não vi (nem procurei muito) como é a cirurgia. Mas em se tratando de estuprador, deixem-no por último na fila de espera. Sem anestesia.

Pregado no poste: “Pense antes de agir”

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