Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2005Crônicas

Dois presos e duas medidas

“LONDRES – Um adolescente que matou os pais a pancadas, antes de pegar seus cartões de crédito para financiar férias nos Estados Unidos com sua namorada, foi condenado à prisão perpétua nesta quarta-feira. Brian Blackwell, de 19 anos, que sofre de uma grave perturbação, já havia admitido ser culpado de matar os pais, Sydney, de 72 anos, e Jacqueline, de 61, perante um tribunal de Liverpool no ano passado.

O casal foi morto em julho de 2004 em sua casa em um bairro nobre Merseyside, no noroeste da Inglaterra. Os pais do adolescente foram esfaqueados repetidas vezes e receberam vários golpes de martelo.

— Ao longo dessa investigação, descobrimos provas indubitáveis de que se tratava de pais que amavam incondicionalmente o filho Brian e que queriam apenas que ele atingisse todo o seu potencial – disse Mike Keogh, da polícia de Merseyside.

Blackwell tinha um bom desempenho na escola, mas iludiu-se com fantasias sobre seu sucesso e sua importância. Ele foi diagnosticado como portador de distúrbio de personalidade narcisista, a mesma sofrida por John Hinckley Jr., que atirou no presidente dos EUA Ronald Reagan em 1981.

Depois de matar seus pais, Blackwell levou a namorada em luxuosas férias para os EUA, acumulando dívidas de mais de 30.000 libras esterlinas (US$ 54.660).

Para a namorada, ele disse que não poderia voltar para casa enquanto os pais estivessem de férias na Espanha. Os corpos em estado de decomposição foram descobertos em setembro do ano passado.”

“SÃO PAULO – Sob muitas vaias, Suzane Louise von Richthofen, acusada de planejar e executar, juntamente com o namorado e o irmão dele, o assassinato dos pais em outubro de 2002, foi libertada nesta tarde. A ex-estudante de direito foi solta por volta das 17h. Ela estava presa havia dez meses no Centro de Ressocialização de Rio Claro, no interior de São Paulo.

Cerca de 150 moradores da região, aglomerados em frente à penitenciária, gritavam ‘assassina’, quando ela saiu. Suzane tentou falar com os jornalistas, mas estava muito assustada. Ela disse que marcará, em breve, uma coletiva de imprensa na capital. Por enquanto, afirmou apenas que ‘não tem nada a declarar’.

O promotor público Roberto Tardelli ficou indignado com o hábeas-corpus concendido à estudante pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele não se conforma com o fato de o STJ ter dito que não houve fundamento na acusação de Suzane. Nesta quarta-feira, Tardelli anexou ao processo da estudante um fato novo.

Segundo ele, há cerca de um ano, Suzane teria pedido ao irmão que retirasse do quarto dela, na casa onde a família morava, no Brooklin, na capital, um urso de pelúcia com cerca de um metro. No interior do boneco, foram encontrados um revólver calibre 22 e 50 cápsulas. Diante desta situação, o promotor afirma que a liberdade da estudante tem de ser questionada.

— Dizer que a Suzane não representa risco à sociedade é de uma temeridade, de uma inconseqüência e irresponsabilidade com a qual não podemos concordar. Se a Suzane não representar risco à sociedade, então temos de tirar 80% dos presos que estão nas cadeias públicas. Porque os presos cometeram crimes menos graves que o dela – disse Tardelli.

A data do julgamento da estudante ainda não foi definida. Segundo o promotor, com a liberdade, Suzane fica apenas com o compromisso de comparecer aos atos judiciais, mas está livre para viajar para qualquer lugar, inclusive do exterior.

O namorado e o irmão dele, também assassinos, não foram beneficiados pelo hábeas-corpus, mas podem requerer o mesmo tratamento da Justiça.”

Entre nós

Não se assustem, se logo ela aparecer na Playboy. Enquanto ingleses têm muito a aprender com as leis brasileiras, brasileiros de bem devem sentir nojo de viver num país que premia bandidos.

Pregado no poste: “Prefeito de S. J. da Boa Vista temeu que as crianças fossem fantasiadas de políticos?”

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