Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Do Barão para a prefeita

Querida prefeita, a senhora se lembra do Barão de Itararé? Foi jornalista, poeta, sátiro, quase médico e extraordinária figura humana de nome Aparício Torelly. Gaúcho de 1895, esse herói de dois séculos… Esse, sim, merece uma exposição na Estação Cultura. Brasileiro até a medula, nunca mandou chacinar o povo.

Não perdia a graça nem nas adversidades. Espancado pela ditadura, quando voltou à redação de seu jornal “A Manha”, colocou um aviso na porta: “Entre sem bater”… Até hoje, é um grande conselheiro, mesmo depois de ir alegrar o céu, em 1971. Para fazê-la sorrir (e pensar) nesta terça-feira, cara alcaida, algumas das famosas “máximas e mínimas” do Barão – algumas, principalmente a última, se encaixam direitinho no jeito que cuidam do seu orçamento participativo. Participativo ou paliativo, querida prefeita?

“Quem empresta, adeus…”

“De onde menos se espera, daí é que não sai nada.”

“Dizes-me com quem andas e eu direi se vou contigo.”

“O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.” (Atenção, Campinas! Ano que vem haverá eleição!)

“Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.”

“Banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.”

“Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.”

“Mulher moderna calça as botas e bota as calças.”

“A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.”

“A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.”

“O feio da eleição é se perder.”

“A sombra do branco é igual à do preto.” E, acrescento eu, esta do César Roldão Vieira: “Morre o rico, morre o pobre, quero ver quem separa o pó do rico do meu”.

“A moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas, em geral, enguiça por falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados os infelizes que confiam nele.”

“O homem é um animal que pensa; a mulher, um animal que pensa o contrário. O homem é uma máquina que fala; a mulher é uma máquina que dá o que falar.”

“Orçamento é uma conta que se faz para saber como devemos aplicar o dinheiro que já gastamos.”

Mas, aí, vem a Emdec e diz para os estudantes colocar nas assembléias do Orçamento Participativo a reivindicação da passagem gratuita nos ônibus da cidade… Nem os meninos acreditam nisso.

Pregado no poste: “Campinas já foi melhor do que a Europa, viu prefeita?”

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