Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Desrespeito, coisa nenhuma!

A diferença é que a gente sabia brincar e com que professor brincar. Alguns eram sisudos, outras fingiam carranca, mas a maioria simulava uma bronca e todos se divertiam. Não vejo nada de mais nesse casal que se amava no banheiro da reitoria da Unicamp. Uma escola que deixou seu campus virar Woodstock tem mais é que dar graças a Deus de ainda não usarem a sala de comando como boutique das drogas. Fosse nos anos de chumbo, os dois levariam chumbo. Claro que no “Culto à Ciência” não se chegou a tanto, pelo menos até 40 anos atrás, quando se formou a turma de 1970. Hoje, não sei.

A ousadia não ia além das brincadeiras. O querido professor de desenho, grande artista plástico Francisco Biojone foi “morto”pelos alunos de uma classe do período noturno, que não tinham estudado para a prova. Um ligou para a Diretoria dizendo que ele havia morrido num acidente. Corre-corre e entra e sai entre Diretoria e a Sala dos Professores. Ninguém conseguia confirmar nada. Quando o nosso “Chicãosaedro” apontou no portão, os autores do trote trataram de enrolá-lo até bater o sinal de entrada. Apressado, ele finalmente chegou ao fim do corredor para assinar o ponto — felizmente antes de todos os alunos serem dispensados.

Foi um “Ai, Jesus!”. Pensaram que o filho do seo Biojone tivesse ressuscitado (seo Biojone era o simpático inspetor de alunos que falava em Latim com nossos mestres nessa língua; Benevenuto, Galvão, Sampaio, Aquino, Zilda Querida… Que escola, meu Deus!).

Para dividir as aulas de Química com o legendário professor Basílio, posto que seo Almeidinha já se aposentara, foi contratada uma fera nissei — ou sansei, não sei – competente, simpática e suave como só as japonesas. Claro que ela apareceu para dar aulas numa inevitável Kombi, a favorita de onze entre dez membros da laboriosa colônia. Kombi toda branca, zero quilômetro, ainda sem placas. O aluno Pinduka lembra-se de que ela estacionou junto aos outros carros de professores, sob aquela árvore imensa, que sombreava a casa do seo Alo, depois depósito dos instrumentos da fanfarra. Bem na frente da sala de Química.

Engraçadinhos, incluindo Pinduka, com uma fita adesiva vermelha, transformaram a Kombi em uma ambulância sem sirene. Gozado foi vê-la em dúvida se aquela Kombi era mesmo dela.

A festa da Turma de 1970 será a 18 de setembro. Contato com Anselmo Conejo (anselmo.conejo@gmail.com), Armando Diniz (armandodf@bol.com.br), Gastão Rondino (grondino@uol.com.br) ou Pinduca (grukkaf@ig.com.br), que chegará de perua fantasiada de

ambulância.

Pregado no poste: “Hoje, atirar em professor já não nem ousadia”

 

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