Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Depende de nós

Os poderes e seus políticos são os únicos culpados de tudo de ruim e por nada de bom que acontece no Brasil. E pode generalizar. Mas algumas coisinhas são com nós mesmos.

Por exemplo: a dengue hemorrágica, verborrágica e trágica. Se nós, o povo, não facilitarmos para o mosquito, a epidemia acaba. Não adianta o governo gastar uma fortuna com gente fantasiada de personagem de “Top Gangue”, armada de pulverizadores, implorando para entrar de casa em casa, só para ver se existe foco do bicho. Vão fazer isto pro resto da vida e mais seis meses e o mosquito continuará a rir de nós.

Outro: Cacilda! Passei ontem pela Rodovia dos Bandeirantes, e um exército de homens fantasiados de cenoura com espeto na mão tentava recolher papel, copinhos e garrafas de plástico, modess, camisinha (ali!), guardanapos, canudinhos e latinhas do acostamento e do canteiro central da estrada. Se a gente não jogar lixo pela janela dos carros, ônibus e caminhões, os caminhos ficarão limpos e aqueles homens serão dispensados desse emprego humilhante – ou você acha que existe plano de carreira pra lixeiro? Sociedade civilizada não precisa de lixeiro.

Agora, vou deixar você ressabiada e biado. Já aconteceu de você, confortavelmente, assistir a um filme no cinema e sentir algo gelado a subir pela suas pernas? É barata, sim! Pode até ser um rato (brrr!!!). E a culpa é da turminha que vai ao cinema e come pipoca, chocolate, bolacha, biscoito, balas, bombons, caramelos, drops, batata frita, arroz, feijão, carne, guaraná, coca, sodinha, suco, saco! E deixa nas poltronas e no chão as marcas da porquice de cada um. Cinema virou restaurante, lanchonete, botequim, motel… Desculpe, motel acho que não.

Em certos restaurantes de beira de estrada você corre para fazer xixi ou xoxô. Entra, e a vontade até passa, tamanha a fedentina. Papel higiênico (quando tem) e folhas de jornal (triste fim do nosso trabalho) voam pelo chão, usados ou não. Nem descarga dão. Banheiro de beira estrada é assim, porque quem usa não cuida. Se for xixi, basta se aproximar bem do vaso com as pernas um pouco abertas, exibir o documento e mirar naquela água que fica no fundo. Depois, chacoalhar (espremer ou torcer, jamais!) e guardar. Ou você quer que alguém do governo ajude você nessa? Mas não peça! Por um voto, alguns fazem qualquer negócio.

Pregado no poste: “Ou o Brasil acaba com políticos ou políticos acabam com as saúvas”

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