Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

De porcos e aves

Como se viu, usar máscara para fugir da gripe suína não resolve. O Michael Jackson usava o adereço muito antes do evento e não adiantou, coitado. Nem tente imitá-lo, embora ele tenha sido um grande imitador do nosso Tony Tornado com aquele seu jeito contorcionista de ser. Essa gripe ainda mudará hábitos de muita gente: argentinos não podem mais ir a teatros nem a cassinos.

Para combater a doença da moda, há várias medidas. Uma delas muda a rota de viagens ao exterior. Saia do Brasil: é melhor pegar a gripe no Chile do que aqui. Lá, o diagnóstico sai em menos de duas horas. Confirmada, não há necessidade de internação em 97% dos casos. Os “gripados” voltam para casa e tomam Tamiflu por sete dias.

Se for obrigado a frequentar festas de aniversário, não coma bolo, se alguém soprou as velinhas ou as velhinhas. Não confunda ‘suína’ com ‘swing’; portanto, nada de beijar a mulher do próximo nem o próximo da mulher. Guerra é guerra; deixe a educação pra lá em legítima defesa de sua saúde: no elevador, arrote; mas não respire. Se você é ascensorista, peça demissão. Em lugar fechado, finja tossir compulsivamente: fugirão de você.

Trocar o cachorro por um porco também espanta, porca pipa! Além de não adiantar nada, se usar máscara, a polícia pensará que você é bandido.

No baile, dance sozinha – de preferência, lá fora. Até para mostrar a língua use camisinha. Evite pecar contra ou a favor da castidade.

Em casa, lave as mãos depois de ir ao banheiro.

Na rua, lave as mãos antes e depois de ir ao banheiro.

No Jardim Itatinga, lave antes, durante e depois. Lá é melhor um em cada quarto para melhor se proteger.

No ônibus, só viaje no pára-choque; de avião, nem na asa.

Jogando futebol, não pule de cabeça com ninguém. Saia de perto do juiz, quando ele apitar.

Se jogar no bicho, não aposte no porco.

Por falar em Tamiflu, quando esteve em quarentena política após deixar o governo por causa do caseiro, o ex-ministro Palocci ganhava a vida como conferencista, alertando empresários e empregados para os riscos da gripe aviária. Falava horrores da doença e maravilhas desse remédio fabricado pelo Laboratório Roche. Ele não ganhava, a Roche é que ganhava para ele. Certa vez, enquanto ele vendia seu peixe numa instituição de usineiros, disparou o alarme do treinamento de incêndio e todo mundo saiu correndo. Na rua, alguns pensaram que fosse a polícia e fugiram também.

Pregado no poste: “Não estenda a mão a ninguém; para os políticos, erga os braços”

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