Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2011Crônicas

De pé no ar

Saiu a segunda edição, revista e ampliada, do saboroso “Diário de uma comissária de bordo”, da campineira Paula de Paula. Como aprecio traumaticamente ver aviões, essas histórias me fascinam. As da Paula, então, uma melhor do que a outra. Quem lê pensa que durante o vôo, o pessoal de bordo não está nem aí com os tormentos dos passageiros. É trote atrás de trote, armação em cima de armação, brincadeiras sem fim.

Um comandante fez a aeromoça (ops!) comissária descer à pista com copos de água mineral para despejar nos pneus do trem de pouso, com a desculpa de refrescá-los, porque a aterrissagem tinha superaquecido as rodas. Paula ofereceu bebida a uma viajante e a dita cuja só pedia: “Eu quero Jesus!”. A ficha caiu quando a mulher perguntou se a Paula não conhecia São Luís do Maranhão. “É que lá tem um refrigerante chamado Jesus…”

Um comandante durão aproveitou para ridicularizar os rigores da empresa. Não conseguiu cardápio especial para cuidar de uma gastrite nem mala nova para substituir a que estragaram num desembarque. Resultado: toda a equipe se apresentava para embarque na maior estica e ele com refeição trazida de casa numa lancheira do He Man a tiracolo e uma mala de papelão (aquelas de retirante da seca). Que cena!

Outro comandante adorava receber visitas de mulheres bonitas na cabine. Fingia que eram sorteadas: ele dava um passeio pela “passarela da nave” (é assim que eles chamam o corredor do avião), sacava o número da poltrona da bonitona e na hora “H”, bingo! Num vôo, ele não marcou a poltrona, mas apontou a dita cuja para um comissário. O gozador disse: “Ela está na 9F”. E o Dom Juan dos Ares “sorteou” a 9F. Era uma drag queen!

Tudo isso, sem falar no vôo em que o comandante se apresentou aos passageiros, depois de decolar e largar o avião na mão do “copila” (é assim que eles chamam o co-piloto), com óculos escuros daqueles. Ele desfilou pela passarela com a mão apoiada no ombro da comissária e trombando com as poltronas até chegar à toalete. Já reparou na cara dos passageiros?

Pregado no poste: “Pessoal de bordo chama a gente de terráqueo”

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