Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Dá o dedinho!

Semana passada, lá no museu de Paleontologia de Monte Alto (vale a pena conhecer), um professor disse que há suspeitas de que a galinha, o galo, o pinto (os galináceos, enfim) vieram de alguma espécie de dinossauro (ou tiranossauro, brontossauro, estupidossauro, por aí). É a tal da evolução das espécies. Assim como os homens (incluindo corintianos e pontepretanos) podem ter vindo do macaco, os bugrinos devemos ter origem em Adão e Eva, porque esse time do Guarani não existe e, pelo que se sabe, Adão e Eva, também não.

Foi aí que o senhor Walter Aprile escreveu carta indignada para a nossa Seção dos Leitores, contando que um juiz (deve ser de futebol) negou indenização a um metalúrgico que perdeu o dedo mínimo (o mindinho), alegando na sentença: “O dedo lesado tem pouca utilidade para a mão. É considerado por muitos estudiosos em antropologia física um apêndice e tende a desaparecer com a evolução da espécie humana.”.

Esse juiz deve ter passado um mês com o dedinho amarrado ou enfiado em algum lugar, só para ver se não precisava do dito cujo, mesmo. Esse juiz nunca teve namorada. Antigamente, boêmios deixavam a unha do dedinho crescer (Argh! Rídiculo!), segundo os que conheci, só para cutucar suas coitadas. “Sem o dedinho, onde a Ofélia do Fernandinho pendura seu pingente?”, pergunta Janua, secretária do meu amigo Fernando Brisolla. “Mindinho… Seu vizinho… Sem o Mindinho, de quem o Seu vizinho será vizinho?”, emenda Alessandra, que, apesar de dona de um Pitebul e um Rotevailer, ainda tem os seus dois mindinhos. Falei que o fato de o homem já não ter rabo, alguns já nascerem sem o dente do siso e, futuramente, ninguém vir ao mundo com apêndice também é sinal de evolução da espécie. E ela disparou: “Por isso meus cachorros já não tem rabo…”

Como a humanidade vai coçar os ouvidos sem o mindinho, que inspirou a Johnson&Johnson a fazer o primeiro cotonete? E na hora de limpar os olhos, tirar caspa, brincar com japonês, chamar alguém, contar até cinco? Como uma criança mostra que tem cinco anos ou que dedo ela junta ao polegar para dizer que já fez três? Como a dona-de-casa faz para mostrar que tem pó na mesa, sem sujar os outros quatro?

E como esse juiz vai ficar de bem com o mundo sem dar o dedinho?

Pregado no poste: “Acharam o dedinho de certo padre perto de onde ficava certo Alecrim”

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