Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Custo malefício

Será que quando a Câmara Municipal ficava em cima do prédio da cadeia da cidade, aí na frente de onde está a estátua do Maestro Carlos Gomes, os vereadores de antanho tinham coragem de aumentar seus vencimentos tomados ao povo? Mesmo por quem, hoje, nada fazem? Claro que não! Melhor: reconhecendo sua missão, não ganhavam nada! Um nada, porém, merecido. Hoje, bem longe dos presídios, por onde, pelo que me lembro, nenhum passou, decidem por conta própria quanto o povo terá de pagar para eles. Na minha terra, só isso já é motivo de pena máxima.

A Câmara Municipal de Campinas é a instituição que exibe a maior concentração de renda da região. Concentração que todos eles combatem, sem olhar para o que fazem com ou contra a sociedade. Imagine que sem esse aumento de vencimentos que estão tramando agora, cada um faz a Câmara custar para a população R$ 1,9 milhão por ano! Minha gente, quase R$ 160 mil por mês! Como denunciaram recentemente as JORNALISTAS Rose Guglielminetti e Samya Araújo.

Será que cada diretor da Rhodia, da Valeo, Bosch, Romi, Motorola, Toyota, Honda, GE-Dako faz a direção dessas empresas custar mais do que esses elementos? Podem ganhar muito mais, porque o salário deles vem da competência e honestidade no desempenho de suas funções, não do bolso do povo. E se não demonstrarem eficácia, vão para o olho da rua sem direito à aposentadoria.

O povo, sem ser consultado nem colocar suas mãos ao alto, ainda brinda essa Câmara com a maior renda per capita de Campinas. Na marra!

Mais: cada vereador de Campinas tem direito a cerca de R$ 33 mil mensais para contratar assessores. Além disso, tem também à disposição um carro, combustível, cota de xerox e de correspondência, telefone e assinatura de jornais. O povo paga tudo.

Agora, um acontecimento assustador sobre a seriedade deles. Um dos campeões de denúncias também foi campeão de votos. Vendo isso, um vereador procurou a repórter autora da maior parte das acusações e pediu: “Fulana, por favor, quero você me acuse como fez com aquele ali; assim, garanto minha reeleição!”

Mestre Mário Erbolato, ex-secretário geral dessa mesma Câmara, deixou um recado suplicando que nenhum vereador conspurcasse seu velório. Ele conhecia bem, um por um, e acertava quando definia: “Esta legislatura é melhor do que a próxima e pior do que a passada…”.

Pregado no poste: “Longe da cadeia, foram parar perto do cemitério”

13/12/2008

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *