Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Culto à Ciência Fashion

Que Gisele Bündchen que nada! Quem arrebatou as passarelas de Campinas naquela manhã de um sete setembro do fim dos anos 30 foi Ruth de Camargo Cunha Franco. Imagine o povo pudico daquela terra provinciana se apertando pela Barão de Jaguará para ver o desfile da festa da Independência. De repente, todos vêem a rua mais glamourosa de sua cidade tomada por alas de meninas adolescendo em shorts e camisetas brancas, ao som da fanfarra.

Foi um arraso! Coisas da inovadora Nair Rodrigues, nova professora de Educação Física da escola, que chegara para substituir o legendário professor Alberto Krum, patrono do nosso ginásio de esportes e que acabara de se aposentar. Depois daquele feriado, não se falava em outra coisa naquelas campinas gentis.

(E depois daqueles shorts, ti-ti-ti igual só quando a Regina Lepreri e a filha apareceram de biquíni na piscina do Tênis, em 1952, e o vitrinista Aldo Bergantin vestiu as manequins da Anauate Modas com a nova sensação das praias – os bondes da Vila Industrial, Guanabara, Estação, Bonfim e Botafogo pararam a Treze de Maio, porque até motorneiros e cobradores desceram pra ver. Na Catedral, o padre ameaçava excomungar as manequins, sem saber que eram de gesso.)

A exibição ia muito além do curto percurso das giselles de hoje: Rua Culto à Ciência, Barão de Itapura, Andrade Neves, Treze de Maio, Glicério, Conceição e Barão de Jaguará. Será que a dispersão era na frente da Basílica do Carmo? Ai Jizuis!”

Foi o primeiro desfile de Sete de Setembro do ‘Culto à Ciência’ e ele não sai da lembrança da Ruth, também nossa primeira porta-bandeira naquele dia memorável. Logo, logo, o saboroso “Baú de Histórias” do Rogério Verzignasse exibirá toda aquela exuberância em fotos.

“A rivalidade com o Ateneu Paulista começou assim: tudo o que a Nair criava para o colégio, o Ateneu copiava…” Sempre foi.

O ensino médio formava alunos em seus cursos preparatórios jurídico, engenharia, médico e magistério. E Ruth teve a ventura de ser aluna de Ernesto Kuhlmann (alemão), Carlos Pimentel (Inglês), Francisco Sampaio (Português), Duílio Ramos (Geografia), Carlos de Paula (Matemática), Alcindo Diniz (História Universal) e da magnífica Otávia Maia, nossa bibliotecária, irmã de Carlito Maia e filha do ex-prefeito Orosimbo Maia. Só feras!

Fez o curso Normal e lecionou pouco, no Orosimbo Maia. Casou-se com Ulysses Mayer Franco, é mãe da Ilse, do Marcos e do Ulysses, entrou para a história jovem de Campinas e até hoje mostra que não envelheceu.

Pregado no poste: “Infeliz a nação cujo deus é o penhor”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *