Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

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Cuidado, E. A. !

Aconteceu tempos atrás, numa cidade destas bandas de Ribeirão. Um amigo teve seu depósito de livros, jornais e revistas assaltado por “amigos do alheio”, como o jornalista Antônio Carlos de Júlio chamava os ladrões, quando era repórter de polícia aqui do nosso Correio Popular. Foi de manhã. Os bandidos puseram um arma no pescoço da vítima, entraram no depósito e levaram R$ 50 mil em dinheiro e cheques. Ele ofereceu uma recompensa de R$ 5 mil a quem encontrasse os ladrões. No final da tarde daquele mesmo dia, policiais o chamaram à delegacia: “Os ladrões fugiram, mas conseguimos recuperar tudo o que roubaram, até os cheques!”

A recompensa foi paga, mas não me arrisquei a perguntar ao amigo quem ganhou. Ele reforçou a segurança no depósito com grades, alarme, circuito interno de TV, aquelas coisas. Duas semanas depois, o lugar foi assaltado novamente, pelo mesmo bando, que levou R$ 50 mil, de novo, e ainda a moto do meu amigo. Ele renovou a oferta, com o argumento de que é melhor perder R$ 5 mil com uma recompensa do que R$ 50 mil. À tarde, em vez de um telefonema da delegacia, ele recebeu uma ligação anônima: “Olha, os bandidos ofereceram mais pra ficar com o roubo e, desta vez, você perdeu tudo…”

Uma dúvida: os bandidos “ofereceram” pra quem?

Ouvindo a conversa, outro amigo se meteu na história: “Lá perto da minha casa, na Vila Mariana, em São Paulo, também existe um depósito de livros como o seu. Uma vez, um investigador de polícia passou por lá e perguntou ao dono se era ali que havia entrado ladrão. O dono disse que não, nunca havia sido assaltado. O policial estranhou, insistiu na pergunta várias vezes, mas foi embora.”. Estranho zelo, esse.

Agora, em Campinas, uma mulher, E. A., conseguiu atropelar um dos bandidos

motoqueiros que lhe roubaram a bolsa perto do Tênis. Na perseguição, podia ter matado os dois. Prevenida, não revelou nem seu nome nem endereço. Como a polícia é honesta, sabemos que os bandidos jamais conseguirão o endereço desta mulher, se tentarem se vingar a reação.

Pregado no poste: “Naquele tempo, dizia o bandido Lúcio Flávio: `Polícia é polícia, bandido é bandido.`”

 

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