Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

Cria fama…

Certos lugares criam fama e não há quem os desmistifique. O Paraguai era o refúgio de nazistas. Mas o carrasco nazista Joseph Mengele, apontado durante décadas como morador naquele país e protegido pelo ditador Alfredo Stroessner, vivia, mesmo, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo.

Quando alguém precisa viajar pelo Lloyd Aéreo Boliviano, fica apreensivo. Só que há mais de 70 anos não acontece um acidente grave com aviões daquele LAB.

A Colômbia é a maior produtora de cocaína do mundo. Mas se os Estados Unidos não fossem os maiores consumidores, será que a Colômbia…

Torcedores do Corinthians, coitados, são acusados de barbarizar após cada jogo do “(ul)timão” em São Paulo. Mas desde os tempos da velha CMTC, o balanço dos estragos mostra que os são-paulinos são os responsáveis pela maior parte das depredações contra os ônibus que levam as torcidas aos estádios. Temiam que o metrô fosse depredado todos os dias na pobre Zona Leste, mas era na tradicional Vila Mariana, que meninos de um colégio de ricos destruíam bancos e vidros dos trens e até escadas rolantes das estações.

Assim acontece, também, com o Estado do Mato Grosso do Sul. Por causa da fronteira com o Paraguai e a Bolívia, tudo ali é “da morte”: Estrada da Morte, que vai de Campo Grande a Ponta-Porã; havia a Ferrovia da Morte, para Corumbá; as Rotas da Morte – caminhos percorridos por contrabandistas e suas muambas e traficantes e seus pós e ervas da morte, em direção a São Paulo e Rio de Janeiro…

Pois bem. Todo o Mato Grosso do Sul tem dois milhões de habitantes – portanto, mais do que o dobro de Campinas. Lá, de janeiro a agosto deste ano, aconteceram 428 homicídios. Em Campinas, nesses mesmos oito meses, 440 assassinatos, muito bem contados pelo repórter Bargas Filho, incluindo homicídios, latrocínios e luta de polícia com bandido e vice-versa. “Até 24 de novembro, já foram 586 vítimas da violência”, atualiza o Bargas. Lá, alguém é abatido a cada 35 horas; aqui, a cada 13 horas.

É isso mesmo. O “Estado das Mortes” é menos violento do que esta cidade, um dia chamada (com razão) de “Capital da Gentileza”.

Pregado no poste: “Nóis num sabe votá, mais sabemo contá.”

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