Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

‘Com Ípissilon’

Vicentão Torquato, aquele que nunca viu saci dar rasteira, ninhada de ovo de Páscoa, gol olímpico de calcanhar nem pesquisador do Ibope, aconselha-me a sempre abrir esta conversa com uma historinha. Então lá vai. Dia desses, numa loja chamada Leroy Merlin, a mocinha preenchia um papel e eu avisei: “Moacyr com Y”. Ela mandou ver: “Moacyr Com Ípissilon”. Deixei assim mesmo.

Ainda esta semana, em Barretos, a polícia prendeu um bandido, depois de reconhecê-lo pelas câmeras de segurança, como o homem que já havia assaltado 40 lojas na cidade. E um asilo. Ele confessou que rouba para comprar droga. O escrivão anotou tudo “dereitinho” no boletim de ocorrência: “Nome: Dion Ener dos Santos; ocupação: dependente químico e profissional da marginalidade”. Essa é pior do que chamar sacoleiro de Ciudad del Este de “Executivo da fronteira.”.

Roberto Zamataro foi aluno do “Culto à Ciência” dos tempos em que a sacrossanta cadeira de Português era honrada por Quinita Sampaio de Mello Serrano, Sabino & Aquino, Alexandre dos Santos Ribeiro, Zilda Rubinski, Maria José de Biagio, Lícia Pettine, Maria de Lourdes Ramos, Benedito José de Sampaio… Era prova eliminatória para quem sonhava entrar. Se não soubesse cada pólen da última flor do Lácio, não passava nem na sarjeta da Rua Culto à Ciência. Também nesta semana que termina, o ex-aluno honorário e repórter do “Correio Popular” Rogério Verzignasse mostrou a beleza da recuperação daquele que já foi o templo da mais extraordinária escola do Brasil. Tudo graças exclusivamente ao povo de São Paulo, que com o dinheiro dos impostos pagou a salvação realizada pelos operários da obra. As ‘otoridades’ não tem mérito algum: só cumpriram a obrigação, com atraso de décadas.

Por fora, bela viola. Agora, é preciso cuidar por dentro, da alma do ensino e do aperfeiçoamento e do salário porco que as autoridades desalmadas pagam para quem exerce a mais importante missão do mundo: a do magistério. (Imagine! Sempre na história deste país, político ganha mais do que professor – por isso, o Tiririca decidiu ser deputado!)

Outra conseqüência trágica está no teor desta mensagem que o Roberto Zamataro recebeu de um aluno:

“Eu sou um aluno do noturno vou deichar minha ideia pra vcs. queria q vcs deichasem nos fasermos uma festa de wallowen para o pessoal do noturno espero que vcs deichem obrigado. A e tambem eu achu q a escola esta presisandu de um gremio se vcs quiserem lansa essa ideia tambem!!”

Pregado no poste: “Vote nulo, em legítima defesa do ensino!”

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *