Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

Colou?

E tome campanha! Não, champanha, não! É campanha, mesmo. Outro dia, conversamos aqui sobre aquela do “Ouro para o Bem do Brasil”. Deram. Cadê o ouro? Há pouco, encheram os cofres do governo com cheques para o “Fome Zero’. A fome não acabou e… cadê os cheques? E a da dengue? Quanto mais alerta, mais mosquitos, mais dengosos, mais campanha. E a da camisinha? É ela que reduz o número de casos de Aids ou o coquetel, que prolonga a vida e diminui as mortes?

Adianta falar para os cachorros e cachorras não morderem os carteiros? Resolve mostrar carteiros dilacerados na televisão? O governo faz um “estardaçalho” exigindo focinheira para pitebuls e seus parentes. E daí? Quer acabar com eles? Já que essas feras (os cães, não os donos, ainda) são homicidas (o mesmo que portar uma arma calibre quatro patas), basta oferecer um dinheiro para cada bicho entregue. Claro que vão aparecer milhares de novos criadores, como esses fabricantes de armas caseiras, mas muita gente terá de esconder seus lulus no quintal, para que eles não sejam roubados e levados aos postos de recebimento.

Ande pela cidade e veja ruas, avenidas, praças e becos forrados de lixo. Lembra-se do “Sugismundo”? Ganharam dinheiro com ele, mas o lixo é cada vez mais abundante. E a campanha do “Mexa-se”? Nunca houve tantos obesos por aí. Não preocupa a ninguém advertir que na praia há “coliformes fecais”. Tem de escrever nas placas a palavra que todos entendem. Essa mesmo.

Alguém respeita “Não pise na grama?”. Ou “Não fume”; “Não converse com o motorista”; “Silêncio”; “Não estacione”; “Não buzine”; “Não corra, não mate, não morra”; “Luz baixa ao cruzar veículo”; “Não entre sem ser anunciado”; “Exclusivo para deficientes”? (No Parque do Ibirapuera, vi um casal saudabilíssimo estacionar o carro numa vaga para deficientes e os dois mancavam e riam ao sair do veículo, fingindo-se aleijados.).

Tem uns dois meses, numa conversa com vários jovens dependentes de drogas um recado importante: “Nenhuma, mas absolutamente nenhuma, dessas campanhas contra as drogas nos sensibiliza. Ninguém deixa de usar porque um anúncio falou que faz mal.”. Será que publicitários pesquisam entre as vítimas o que pode ser feito para pegá-los pela alma? Se pesquisam, até agora tudo deu errado. Mas continuam na mesma tecla. Por quê?

Agora, quando se trata de vender, dá certíssimo, de qualquer jeito. Como as armas, por exemplo. Prepare-se: logo você será bombardeado por buzinas de caminhões infernizando nas cidades e nas estradas: “Nã, nã, nã, nã!”. A propaganda do Marlboro, feita para vender cigarros, também vendeu muitos cavalos. Claro, os inteligentes compraram cavalos…

Pregado no poste: “O diamante é para sempre; um amante, não”

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