Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Colarinho organizado

Entra ano, sai ano; sai prefeita, entra prefeito; vereador, nem se fala. Campinas só tinha camelôs em toda a volta do quarteirão que abrigava o Grupo Escolar Corrêa de Mello, entre Ernesto Khulmann, Álvares Machado, Benjamin Constant e Barreto Leme, de frente para o Mercadão. Ali perto da concessionária Dodge, depois da Vescan, que vendeu as primeiras Lambrettas de Campinas, da Igreja Luterana, um pouco mais acima, do Mercado do Sapato, do Chiminazzo  e do ponto de táxi, fone 3317. Lembrou?

Quem se lembra da loja “O Camiseiro” no piso do Edifício Anhumas, na Campos Salles, fica sabendo que a família Almeida, dona da loja, começou como vendedora ambulante naquela quadra. Camelô era honesto, hoje vendem espaço público, produtos piratas do crime organizado, não dão nota fiscal e sonegam impostos urbanos.

Sempre ouvi que as prostitutas têm a profissão mais antiga do mundo. A de camelô deve ser a segunda. A primeira, pelo menos, é mais simpática. Tanto que Jesus Cristo não condenou Madalena, mas expulsou os vendilhões do templo. Assim, desde aquele tempo…

Sitiam e ameaçam, até com violência, os comerciantes que exercem atividades lícitas, dão garantia de seus produtos, emitem nota fiscal e pagam impostos. As SS de Adolf Hitler não fariam pior contra os comerciantes judeus, por exemplo, na Berlim dos anos 30, depois que o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores, do Führer, tomou o poder.

Quando a fiscalização apreende mercadorias piratas que eles vendem a consumidores incautos e também espertalhões, partem para a violência, para o crime, para defender interesses indefensáveis. Exigem que o comércio legalmente estabelecidos feche suas portas. É uma tropa organizada que deve meter medo na polícia.

Se eles também vendem drogas ninguém sabe. Se não vendem, podem não ter vínculo com o crime organizado, mas vender mercadoria pirata e sonegar impostos é crime do colarinho branco. Se hoje reivindicam vender mercadoria ilícita, quem garante que amanhã não reclamarão o direito de vender outros produtos ilegais?

Só o fato de não pagarem impostos mostra a má índole desse “negócio”. Má índole de maus políticos, que jamais ousaram propor que camelôs paguem impostos e tenham a mesma responsabilidade social dos demais cidadãos – empresários ou não. Má índole deles também, que não se preocupam com o que o poder público faz com os impostos em benefício da sociedade. E má índole das autoridades, que assistem a tudo, omissas, diante de uma manifestação que defende o direito de se cometer um crime contra o povo. Quantos votos rendem os camelôs? Quem fatura às custas do povo e não paga impostos não presta pra nada. É inútil à comunidade.

Pregado no poste: “Todos são iguais perante a lei, menos os políticos e camelôs”

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