Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Cine Colônia

Um era ‘importado’, o Windsor. Houve outro, o Rink — sabotado na reforma, desabou, matando e ferindo várias pessoas, em 1951. E o Casablanca, nome próprio para cinema, em homenagem a um filme insuperável. Os outros eram brasileiríssimos e dois, campineiríssimos: Carlos Gomes e Jequibitá (antigo Voga), nome escolhido pelos campineiros em concurso do nosso ‘Correio’.

Sumiram primeiro o Coliseu, em forma de circo, na Irmã Serafina, onde hoje está a sede do Cultura Artística; o República, na Costa Aguiar com Francisco Glicério, e o São Carlos, todo chique, na César Bierrenbach com o Beco do Coronel Rodovalho.

No auge, vieram, só na Regente Feijó, Rádio (depois Brasília, depois Bristol, depois, Deus me livre…), Regente, o Windsor e Santa Maria (depois Alvorada). O Carlos Gomes, com 1.800 lugares, era o maior, na Campos Salles, com balcão imenso e sessão gazetinha nas manhãs de domingo. Bingo! Virou “igreja”. Foi na Avenida Anchieta, que o Voga virou Jequitibá, que virou… bingo! E na Rua da Conceição, o Ouro Verde, pioneiro no cinemascope.

Nos bairros, o Rex, no Bonfim; Real e Casablanca (que virou “teatro”), na Vila Industrial; São Jorge, no São Bernardo, e no Taquaral, o São José, de apelido “Zequinha”, inaugurado com “A volta ao mundo em 80 dias”. O Centerville, no Parque Industrial, fechou?

Agora, Campinas parece a “bróduei”: um monte de Cinemark, Kinoplex, galeria com dois ‘eles’, Moviecom Unimart, Box…

Aviso aos colonizados: aquela plaquinha onde escreveram “exit”, pensando que é “saída” em inglês, na verdade é em Latim, como nos ensinou na primeira aula no primeiro ginasial do ‘Culto à Ciência’, a querida Zilda Rubinski. Ela nos ensinou muito de tudo, principalmente a amar a língua portuguesa. Outro aviso: o cine Rex, no Bonfim, não homenageava nenhum cachorro, não. Em Latim, é rei e, em grego, ruptura. As aulas de grego eram com a inesquecível Maria de Lourdes Ramos. As salas daquela escola estavam sempre lotadas. Nossos mestres e nossas mestras, os verdadeiros astros e estrelas, que brilham até hoje, aqui ou no céu.

Domingo passado, passavam 25 filmes nos cinemas de Campinas; só quatro brasileiros: A Casa da Mãe Joana; Pequenas Histórias; A Guerra dos Rocha e Última Parada 174, além de uma co-produção com Canadá e Japão: Ensaio sobre a Cegueira.

Pregado no poste: “O matador da Eloá está preso; Pimenta Neves está solto; a polícia está em greve e convidaram um assassino para visitar o Brasil”

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