Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Cheios de graça – 1

Mil anos vão passar e eles continuarão donos das paróquias que marcaram a vida da cidade. Parece que nunca houve sacerdotes como eles em cada igreja. Quase todos com muita história para contar.

Como o divertido Saint Capriotti, da Paróquia de São Benedito, ao lado da Casa de Saúde, e da de Santa Edwiges, que ele fundou, no Jardim Aurélia. Seo Zito Palhares inventou de transmitir pela Rádio Cultura a benção da Cacic – Companhia de Automóveis Cidade de Campinas, do ‘Cráudio’ Pacheco. E lá vai este locutor que vos escreve. Sem ser apresentado ao padre, mandei pro ar: “Bênção ministrada pelo padre Santo Capriolli”. Seo Zito se benzeu e foi lá pra fora. Restou pedir desculpas esfarrapadas: “Pensei que o senhor fosse parente da empresa de ônibus, padre…” Antes de ser ordenado, ele tinha uma borracharia no Bonfim, quase foi rei Momo lá, mas conseguiu ser jurado do baile de Gala do Tênis.

Lauro Sigrist, segundo os militares, o “padre vermelho” da Nossa Senhora das Graças, ali na Vila Nova, perto da Cacic, aliás. Mesma paróquia do Luís Carlos Magalhães, ‘ghost writer’ de Jesus Cristo e assessor de imprensa de Deus, lembra o jornalista Marco Antônio Quintas, assessor de imprensa de outro ‘Cristo’, o Chico Amaral.

Por falar em Chico, você conheceu o insuperável padre Chiquinho, da Santa Rita de Cássia, paroquiano dos ricos para ajudar os pobres. Respondeu sobre o diabo, em ‘O Céu é o limite’ e era fã da Diana Doors (a DD, em vez da BB). Mantinha uma casa lotérica em frente ao foto Outsubo, na Glicério, embaixo da PRC-9. Um dia, brinquei com ele:

— O senhor anda fazendo jogo de bicho aí na lojinha; qualquer hora o senhor vai preso…

— Só se ficar na mesma cela…

Deixe pra lá.

A cidade já era violenta quando chegou o substituto do Adriano Arias, na Santo Antônio, na Saudade. Querendo acabar logo com a Missa do Galo, despachou os fiéis assim que deu a benção: “Vamos embora, já está tarde, tem ladrão na rua!” Nem deu tempo de desejarem Feliz Natal uns aos outros. Adriano adorava uma quermesse e faturava prendas como enviado especial do santo casamenteiro aos sítios da periferia: “Santo Antônio mandou buscar esse porquinho que está aí…”

Outro, muito querido, nos deixou há pouco: padre Haroldo Niero, pontepretano verde-oliva, posto que capelão da Escola de Cadetes, e professor da Puccamp.

— Padre Haroldo, como o senhor se sente como confessor de torturadores?

— Segredo de confessionário eu não revelo!

— Então, eles confessaram!

— Passa daqui, moleque!

Pregado no poste: “Amanhã tem mais; amém, pessoal?”

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