Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Chatas e chatos

(Se o Lulla não sabe da roubalheira, o general Ednardo, carrasco do II Exército, também não sabia dos assassinatos do Vlado e do Manuel Fiel Filho? Tudo aconteceu na sala ao lado…)

Mais chato do que gilete no trilho do bonde – sentado na lâmina, balança as pernas — será enterrado num envelope. Lembra-se desses cúmulos?

Pois é. O repórter Bruno Ribeiro descobriu as músicas que cantores de barzinhos não suportam mais: Andança, Borbulhas de amor, Trem das onze, Chão de giz, Ronda, Parabéns a você e Espanhola lideram as “preferidas mais odiadas” do elenco dos bares da vida de Campinas. Elas cansam mais do que o vídeo daquele ladrão embolsando propina nos Correios.

Há outras pragas: Dominique, Datemi um martello, A banda, Noturno, Pour Elise (a dos caminhões de gás), Lata d’água na cabeça, Carcará, Babalu, Conceição, Como uma deusa, Tô nem aí… O imenso Antônio Maria compôs uma preciosidade com o Fernando Lobo, que nem ele agüentava ouvir. Entrou na boate e a Nora Ney entoava: “Ninguém me ama, ninguém me quer…” O Maria emendou: “Ninguém me chama de Beaudelaire”. Até Nat King Cole gravou. A Hebe Camargo ameaçava o auditório, quando o publico não se comportava: “Vocês fiquem quietos, se não eu canto ‘Menino passarinho’…” Coitado do Luiz Vieira. E “Poema”, com o Renato Guimarães? Virou “Problema é chupar um prego até virar tachinha…”

Campineiros precisam de paciência de aço para explicar como dona Izalene e sua turma foram parar na Prefeitura e destruíram a cidade. É como os alemães tentando explicar a chegada de Hitler ao poder — vergonha que até hoje eles carregam. Pois se a Humanidade ainda fala em Átila, flagelo de Deus… Teremos de carregar o fantasma aterrador daquela gente até quando? Puts, como são chatos! Falar em chatos, esse Roberto Jefferson não vai contar quem tramou a morte do Toninho? Nem quem se beneficiou dela? Você desconfia de alguém? Nem de ‘alguéns’?

Chato também é programa sobre fofocas de celebridades. Até hoje, jamais uma notícia dessas foi importante. E quem escreve se considera jornalista! A moda é velha, vem de Hollywood e entrou no Brasil pelos “Mexericos da Candinha”, na Revista do Rádio. Havia até os “Mexericos da Cidinha” (Campos) na Jovem Pan. Tão inútil, que ela virou deputada.

Fora a senatriz Heloísa Helena falando “Délincuentiii” e entrevistadores e entrevistados enchendo os ouvidos da gente de gerúndios e “com certeza”, secretária eletrônica e telefone ocupado também torram o… a paciência. Mais? Você agüenta horário político? Nem pelo canal do esgoto! E falsos pastores metidos a gigolôs da fé a explorar o lenocínio religioso. “Essa seita aceita cheque?” O Lulla já não engana ninguém quando diz “este País” — se é que algum dia elle enganou alguém. Na falta de opção, se não tem Lu vai Lulla.

O tal de Severino Cavalcanti foi dizer para o Lulla, numa hora dessas, que “os deputados querem mais carinho”. Não chega o “mensalão”? Querem mais? Já que eles gostam tanto assim do dinheiro dos outros, uma sugestão a todos os políticos ou para os que sonham com uma boquinha para viver às custas do povo. Deu nos jornais:

“A mega-sena acumulou outra vez este fim de semana e vai dar prêmio de R$ 50 milhões na próxima rodada. Aos interessados, informa-se que a série ‘Lost’, a mais cult do momento, do canal AXN, apresentou o capítulo em que um dos personagens ganha na Loto, fica milionário, mas a partir daí as tragédias não param de lhe perseguir. Os números da sorte que usou para ganhar são malditos: ei-los: 4, 8, 15, 16, 23 e 42.”. Por misericórdia, joguem!

Pregado no poste: “Será que o Lulla jogou?”

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