Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

Centro de Conveniência?

Trocava figurinhas com a repórter Milene Moreto e ela contou que seo doutor Hélio quer Campinas como uma das sedes da Copa do Mundo. Ou que pelo menos a seleção da Itália treine aqui (por que a da Itália?). Ele também quer trazer a Fórmula Indy e que a obra do trem-bala comece por Campinas. Seo doutor Hélio, o senhor não está pensando em fazer o enterro do Michael Jackson em Campinas, não, né?

Por falar em enterro, a conversa mudou para mais um passo do cortejo que leva a cultura de Campinas ao buraco. Lembro-me de que o prefeito Ruy Novaes deixou o magnífico projeto do Centro de Convivência – obra prima do arquiteto Fábio Penteado – quase pronta e seu sucessor, antes de concluí-la, lamentou “quanto dinheiro está enterrado aí!”. Quem lamenta é o povo, diante do sonho do Fábio desfigurado e transformado em boca de fumo (triste fim, hein, seo doutor?).

Imagine que traficantes e viciados impõem ali o toque de recolher, impedindo que a população, que paga os salários da polícia e das demais ‘otoridades’ civis desorganizadas, circule livremente pela sua própria cidade. Os bandidos garantem, assim, a reserva do mercado criminoso nas barbas de quem deveria extingui-lo. Incrível: sabem onde está o crime e não agem como deveriam. Polícia sem coragem?

A quem interessa esse mercado existir impunemente ou vigiado pra inglês ver? Logo, haverá uma rede de apostadores para saber quem levará a primeira bala perdida, enquanto o apelo das vítimas também entra por um ouvido e sai pelo outro – do Poder.

Quando terminou o projeto do Centro de Convivência, era tempo de ditadura, Fábio Penteado disse ao jornalista Roberto Godoy e a este locutor que vos escreve que uma das funções daquele Centro era reunir o povo na praça, porque o “povo reunido derruba o governo.”,

Seo doutor Hélio, cuidado: traficantes reunidos também derrubam o Poder. Se já não elegem…

Pregado no poste: “Tudo é igual, mas estou triste, porque não tenho Campinas perto de mim…!”

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