Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

Cenas campineiras

“Moacyr,

Por favor: o Centro de Convivência, cartão postal de nossa cidade, ficou mais bonito com a retirada do estacionamento; as pessoas passeiam a sós ou acompanhada de seus cães. Tudo bem.

Mas à noite, quando há espetáculo no teatro, os poucos e pequenos estacionamentos do entorno ficam lotados rapidamente e não se encontra lugar para estacionar. Sou obrigada a deixar o carro na rua, sujeito a vandalismo e furto. Por que a Prefeitura ignora os donos de carros que antes pagavam o estacionamento do próprio Centro de Convivência, ou seja, da Prefeitura, e agora simplesmente não têm onde estacionar com segurança! Lia Melloni”

“Moacyr

Dia desses, apareceu amarrado à grade do condomínio
onde moro, na calçada, um baita cachorrão. Bonito. O pobre tinha uma corrente no pescoço, emendada a um fio de aço encapado. Como sinto pena de animais abandonados, e não podendo trazê-lo para meu apartamento (aí, quem teria de morar na rua era eu), telefonei, primeiro, para o serviço de zoonoses, da Prefeitura. Ninguém atendeu. Liguei para a polícia ambiental. Disseram que não era com eles. E mandaram-me telefonar para não sei onde. Pra lá e pra cá, disse a alguém que eu tentava falar com o escritório do que tinha sido vereador e agora é deputado. Uma boa alma me deu o telefone.

A voz não era de grande amiga de animais ditos racionais. Mal-humorada, disse que não podia fazer nada, e que eu fosse à praça em frente da minha casa para saber se o pessoal que trabalha lá não ficaria com o cachorro (há uma usina de asfalto ali e abriga um cão sem dono).

Respondi-lhe que eu não faria isso e que tentava falar com o
escritório do vereador/deputado… ‘A senhora está falando com a UPA’, disse ela, ainda mais mal-humorada. ‘Ah! Vocês não fazem…’ Nem completei a frase: ‘Fazemos, sim senhora. Recebemos 80 telefonemas por dia e agora estamos com uma poodle prenha e cheia de sarna. É caso mais sério do que o seu…’

Quando minha vizinha chegou, pegamos uma tesoura e, com muito medo das mordidas, soltamos o pobre, que saiu
todo feliz, abanando o rabo e fazendo xixi no primeiro poste que
encontrou. Um amigo, vendo nossa aflição, ensinou: ‘Da próxima vez que você socorrer um animal, primeiro liga para a imprensa, depois para a UPA, e conta que já chamou a televisão. Eles virão correndo porque dá cartaz. Hildete Pimentel.”

Pregado no poste: “Bicho não vota. Mas elege?”

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