Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

1997Crônicas

Causa e efeito

“O projeto de lei que deveria apreciar a regularização do transporte alternativo foi retirado de votação pelo prefeito uma hora antes”.

“Omissão deixa 250 mil sem transporte”.

“Enquanto Campinas vivia ontem mais um dia de caos, provocado pela votação do projeto que regulamenta o transporte alternativo, o prefeito viajou para Brasília, seu refúgio de omissão com álibi garantido. Viajou de avião. A população andou de ônibus até os motoristas pararem tudo para protestar. Ele é o prefeito. O cidadão…”

“Motoristas encenam espetáculo de selvageria. Multidão assiste atordoada guerra sem vencedores”.

“O prefeito vetou o projeto que cria o agente disseminador na rede municipal de ensino, isto é, a figura do professor treinador para divulgar o trabalho contra as drogas nas escolas”.

“Pelo menos uma vez por dia, médicos, enfermeiros e motoristas do SAMU precisam negociar com traficantes e marginais o acesso da ambulância ao local da ocorrência. Precisam, primeiro, convencer que não são policiais disfarçados e depois, tentar sensibilizar os criminosos para que permitam que a vítima seja atendida”.

“Dor e medo unem vítimas e parentes no ato público”.

“O PRP começou campanha para ampliar o número de filiados em Campinas. Instalou 15 outdoors nos principais pontos de passagem da população. O lema do partido é saúde, segurança e trabalho”.

“Febre maculosa se alastra pelas margens do rio Jaguari”.

“Quadrilha invade e saqueia bingo no Taquaral”. “Rebelião deixa cadeia do 4º DP destruída”.

“O prefeito vetou o projeto aprovado pela Câmara que cria o cadastro de casos de violência contra crianças. O órgão pretendia levantar estatísticas para nortear investimentos. O veto aconteceu no dia do ato antiviolência”.

“Só me lembro de que quando saíamos do bairro, alguns tiros foram disparados contra a ambulância, deixando todos muito assustados. Depois de passar horas no plantão do PS do Mário Gatti, saio na rua e fico olhando para ver se a cidade não está em guerra. Já não consigo sair tranqüilo às ruas, afirma o médico”.

“Violência atinge 130 mil famílias de Campinas. Entre os crimes citados pelos entrevistados, furtos, assaltos e seqüestros são mais freqüentes, com 97,5% dos casos”.

“Quem foi ao debate promovido pela Cohab Bandeirante, para ouvir o presidente da Cohab Campinas, Geraldo Bassoli, se decepcionou. Convidado para tomar parte na mesa com representantes de Cohabs do Estado, representantes da CEF e de prefeituras, ele entrou mudo e saiu calado”.

“Hoje é o último dia de expediente do coronel João Antonio Bráz Neto. Em seu lugar assume o coronel França. Mas por pouco tempo. Em abril ele se licencia para disputar uma vaga de deputado federal pelo PPB”.

“PM é baleado em guerra do tráfico”.

“A estatística da Polícia Civil revela o que os campineiros sentem na pele. Os dez meses de 1997 foram mais violentos que todo o ano passado. De janeiro a outubro, ocorreram 304 assassinatos”.

“Já faz praticamente dois meses que o vereador Sebastião dos Santos foi à França, pela segunda vez, como representante da Câmara. O relatório sobre a missão, porém até agora não foi entregue”.

“Assaltantes fazem arrastão em prédio comercial”.

“Os candidatos a deputado com base eleitoral em Campinas decidiram romper as fronteiras da cidade, para garantir a eleição no próximo ano. Esta foi a fórmula encontrada para compatibilizar o aumento no número de candidatos para o mesmo número de vagas”.

PS: Cartaz na Esplanada dos Ministérios: “Senhores políticos. Já imaginaram se suas mães fossem a favor do aborto?” Que pena!

 

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