Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2004Crônicas

“Capitão Treco”

Descobri porque a tal da Telefônica agradece tanto quando a gente liga para obter informação. Entra uma vozinha irônica, solícita, disparando: “Sua ligação é muito importante para nós.”. Claro! Você liga, pede o número do telefone de alguém que mora em outra cidade e, vez ou outra, passam número errado. Você liga, descobre que a Telefônica o enganou e ainda paga pelo erro dela. Por isso, a ligação “é muito importante”… só para ela. Comigo, aconteceu três vezes, só nestes últimos dias. Quis falar com o Centro de Ciências Letras e Artes e me deram o telefone de uma escola; em vez da Prefeitura de Monte Alto, veio o de uma loja de tecidos. Quando reclamei, pediram desculpas, mas a Telefônica embolsou o dinheiro da ligação que fiz errado — por causa dela. Minha avó não chamava isso de honestidade. Nem eu.

Ontem, aconteceu aquilo de que eu sempre desconfiei. Liguei para saber o telefone de um amigo e dei o nome: “Lineu Véspoli”. A telefonista vasculhou todos os computadores dessa ‘espanhola maluca’ e informou: “Senhor, com esse nome não consta telefone”. Resolvi arriscar: “E com o nome de ‘Treco’, tem?”. Ela nem consultou os terminais: “Ah, o número do doutor Treco é…”. Doutor Treco !

Queria falar com o Treco sobre o Capitão 7. Você se lembra do Capitão 7? Esse mesmo, primeiro herói brasileiro da televisão, muito antes do “Vigilante Rodoviário” interpretado pelo tenente Carlos Miranda. Dividiu a rivalidade (e a preferência) da molecada com o Falcão Negro (José Parisi) e o Capitão Estrela (Henrique Martins), na TV Tupi. Capitão “7”, porque era na TV Record, Canal 7, e patrocinado pelo refrigerante Seven (sete) Up. O ator era o Ayres Campos e sua namorada, Silvana, a garota-propaganda Idalina de Oliveira. Li dia desses que o Ayres quer relançar o herói. Aos 78 anos e em forma! Será que a Idalina também topa?

Pois é, um dia o Capitão 7 foi à casa do Treco, a caráter, mas sem a Idalina. O Treco jura que não foi ele quem convidou. Só sei que um bando de meninos interditava a Rua Antônio Lobo para ver o que acontecia, por causa daquela perua da Record parada na porta, e minha mãe me perguntou: “Quem é aquele cara fantasiado ao lado do Treco?”. Com seis anos de idade, o Treco já era mais conhecido do que o Capitão 7.

Pregado no poste: “TV paga? Nem de graça! TV de graça? Nem paga!”

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