Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

1999Crônicas

Campinas, mostra sua cara!

Se você quer saber quem tem a maior torcida, eu já conto. Antes, quem é o campineiro que vive nesta terra?

A Matrix-Propesquisa, do Roberto Zammataro, foi atrás desse povo diferenciado, que vive cercado pelo Brasil. E descobriu peculiaridades da nossa gente campineira, daqui e de fora. Daqui e de fora, sim, porque só 32% dos campineiros nasceram em Campinas. Sabia? Então, de onde veio, a maioria? Só 2% são estrangeiros, há 2% de cariocas, 3% de pernambucanos, 4% de baianos, 10% de paranaenses, 18% de mineiros e 61% de paulistas de outras cidades e paulistanos – muitos fugidos da violência, mas encontraram violência aqui… Tanto que 42% já são a favor da pena de morte, embora 41% ainda sejam contra. Os demais estão pensando.

Não é gente muito “passeadeira”. Nos fins de semana, 30% preferem ficar em casa (medo?); 30,6% vão ao Parque Taquaral; 28% adoram passear no Bosque (antes que seu lobo venha?); 11,4% se “deslumbram” nos shoppings e só 7,8% escolhem (ou podem) ir aos clubes.

Somos 53% brancos, 22% mulatos, 12% mestiços, 11% negros e 2% índios (onde estão?). Acho que o Zammataro se esqueceu daquela gente espetacular, de olhinhos puxados… Mas todos gostam de animais. E como gostam! Em 61% das casas há bichos de estimação e aí, o cachorro ganha (69%), seguido dos pássaros (15%), gatos (11%), peixes (4%) e 1% tem tartaruga em casa! Eu tinha.

Globalização? Mas 89% não pensam em estudar Inglês e 81% não pretendem estudar informática. Quando os campineiros abrem o jornal, 26% vão direto ao noticiário esportivo; 22% querem os assuntos da cidade; 18%, todos masoquistas, lêem as “coisas” da política e 15%, as da economia. Quem trabalha? São 59% no setor de serviços, 25% no comércio e 16% na indústria.

Saindo um pouco da pesquisa do Zammataro, aquela que o Correio faz na Internet têm revelado dados interessantes. Por exemplo: os campineiros consideram aquele cursinho vestibular preferencialmente para negros, na Unicamp, manifestação racista. A minoria fuma e confessa que não consegue parar. Quase ninguém acreditou no fim do mundo – uma “bobagem”, como disseram –, mas se acabasse, a maioria queria passar as últimas 24 horas na cama (fazendo sexo), alguns estavam a fim de xingar o chefe e muitos juraram destruir todos os CDs de pagode e axé que vissem pela frente. Eu também.

Voltando às curiosidades do “Zamma”, o campineiro prefere Brahma à Antarctica e a Schincariol ganha da Kaiser. Nos refrigerantes, a Coca-Cola dá um baile nos demais, mas as tubaínas estão crescendo (misturar Coca com tubaína não vira uma droga?…).

Está pensando que o campineiro é bugrino ou pontepretano? Caímos do cavalo! O Flamengo tem  3% da torcida; Santos, 5%; Palmeiras, 11%; São Paulo, 13%; a Ponte, 15% e o Guarani, 18%. Campeão é o Corinthians: 21%.

“Zamma”, a renda per capita do campineiro é de 10.700 dólares? A Receita Federal sabe disso?

Pregado no poste: “Campineiro virou substantivo abstrato”

E-mail: jequiti@zaz.com.br

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