Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

Crônicas

Cães vadios

Resultado das eleições: 2,25% dos campineiros gostam de cachorros e só 0,73% da população trabalha.

Pelo menos, a candidata dos trabalhadores unificados unidos e socialistas acredita que “a classe trabalhadora confiou na proposta do PSTU e que o voto no partido é um protesto contra as campanhas milionárias.”. Donde se conclui que só os 3.743 votos na guerreira Sílvia Ferraro são de trabalhadores? Donde se suspeita, também, que os eleitores seduzidos por campanhas milionárias são venais, foram comprados? Puxa vida, dona Sílvia! A senhora é tão simpática! Consegue ser, ao mesmo tempo, sorridente e da esquerda — eu diria que é a única mulher bonita na política brasileira. Como a senhora me fala um negócio desses? Ou é tudo verdade? Então, conte mais, conte tudo!

O mundo muda. Antigamente, campanha eleitoral prometia escolas, saneamento básico, bibliotecas, pronto-socorros, hospitais, asfalto, luz, água, telefone, jogo de camisa, vestido de noiva, dentadura, par de sapatos… Há uns vinte anos, com o aumento da violência e da marginalidade, promovido pela Redentora, não a Princesa Isabel, mas a tal Revolução de 64, os candiatos começaram a prometer cadeia, pena de prisão perpétua, até de morte! Outros, mais recentemente, acenavam com o aumento dos abrigos de menores, reclusão e castigo para bandidos mais perigosos e até redução da maioridade de 18 para 16 anos. Com essa eu concordo: se um bandido de 16 anos pode votar deve saber o que faz… Se ele confessar que votou em político corrupto, deve ir para a cadeia junto com o eleito. Político corrupto não tem eleitor, tem cúmplice.

(Já calculou quantos cúmplices existem no Brasil. Com título e tudo!)

E o mundo muda. Agora, ganha eleição quem promete e cuida de cachorro abandonado. O candidato a vereador mais votado só prometeu cuidar dos cães sem dono. Se prometesse cuidar de crianças largadas por aí, talvez não tivesse nem o voto dele mesmo. E eu quero ver o futuro prefeito tirar verba da assistência social para dar aos cães. Aqui já houve prefeito que nunca deu um tostão para o Jardim Itatinga, só porque lá vivem as primas dos cidadãos. E o novo prefeito que se cuide. Ele não imagina o que se passa no inconsciente coletivo quando se trata de cachorro. Parece que eu estava adivinhando quando escrevi aqui, semana passada: “Se você atropelar um homem e socorrê-lo, será aplaudido; mas se atropelar um cachoro, fuja, porque será linchado”.

Não viu o que aconteceu no dia de São Francisco de Assis? Levaram até rotevailer para o padre benzer e o dito cujo não titubeou: “Dominus vobiscum” no focinho da fera. Quem tem tem medo. Por isso, quando vê cachorro, nem pisca. Ou pisca?

Aquele amigo meu, dono do cachorro Nick, se entusiasmou e vai se candidatar na próxima eleição. O programa eleitoral dele será o mais atraente. Sim, porque ele arrumou um jeito inédito do cachorro fazer xixi fora de casa — e tudo de uma vez. Fim de tarde, solta um balão galinha, o cachorro pula e não dá outra. Já pensou que imagem no horário político? Vai encher de gente na sala para ver: “Corre, vai passar o cachorro do Lineu fazendo xixi!”. E o cachorro será eleito, para nunca mais infernizar a vida da Juary.

Pregado no poste: “Os cães ladram e a hiena… ulula!”

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