Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

Cadeira elétrica

Mas essa cadeira de prefeito de São Paulo é de lascar. Parece que dá uma uruca danada sentar ali.

Agora, foi dona Marta, que nem esquentou a dita cuja e já jogou fora a aliança do marido – e vice-versa? Em cem dias, 36 aos de casório foram pro espaço – 36 anos de casório mais quatro de amizade, namoro, noivado e outras coisas, como um mergulho dele numa piscina para salvar alguém que se afogava. Só não entendo porque cada vez que jornais e revistas, de fofocas ou não, tocam na separação, falam dum tal de franco-argentino de nome Luís Favre, estrategista de campanha política, e na Fafá de Belém. Você entendeu? O que eles fazem ali no meio da notícia?

Antes da dona Marta e do seo Eduardo, aquela cadeira também separou Nicéa e Pitta. O caso financeiro-sentimental mais escandaloso dos últimos anos. Misturou frangos, precatórios, socialaites, sócias da Light, amantes, Maluf, dinheiro pro ACM – samba daquele prefeito doido.

Quando a cadeira ficava no Parque do Ibirapuera, as coisas não eram melhores. Ali, Olavo Setúbal (seo Olavão) – esse, pelo menos, honrou o cargo – ficou viúvo, por causa da morte da dona Tide. Lembra? Naquela cadeira, o tal de Fernando Henrique Cardoso sentou-se antes da abertura das urnas, crente de que tinha ganho a eleição, e perdeu pro Jânio Quadros, que desinfetou a dita cuja antes de se sentar. O mesmo Jânio, que esteve na mesma cadeira em 1954 e renunciou a ela para governar São Paulo.

Nos anos 70s, o prefeito nomeado Figueiredo Ferraz se desentendeu com o governador Laudo Natel. (Não é brincadeira, Laudo Natel foi governador de São Paulo, e duas vezes!). E o prefeito teve de abandonar o cargo. Uma briga de interesses para construir pistas sob a Avenida Paulista tirou Figueiredo Ferraz da cadeira.

José Vicente Faria Lima, outro que honrou o cargo, morreu logo depois de passar a cadeira (Deus que me perdoe!) para Salim Maluf. Já nos anos 80s, Reynaldo de Barros saiu da cadeira para disputar o governo do Estado e perdeu. Bem feito.

Pregado no poste: “Como vai sua cadeira, seo Toninho?”

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