Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

Buuum!!!

Enquanto existiu, o melhor lugar dessa rodoviária, que se esfarela a qualquer hora sem deixar saudade, ficava do outro lado da porta da Andrade Neves – o restaurante Quintalão, extinto após um assassinato na cozinha. Dentro da estação, legal mesmo, só a banca de jornais do bom baiano Antônio Cunha Mendes, quase dentista, repórter volante, apresentador de concurso de miss, secretário das administrações regionais da Prefeitura, diretor artístico da Rádio Cultura do seo Abel, publicitário, grande companheiro de trabalho e dono de uma educação digna de Dorival Caymi. Anexo, um mastodonte que deveria ser um shopping, mas sempre pareceu uma ruína em construção.

Havia outros lugares bons por ali, como uma sorveteria onde a Barão de Itapura se encontrava com a mesma Andrade Neves, e outra, no fim da Saldanha Marinho, além de um açougue da família Signorelli. Dali, olhando a Barão, viam-se a velha garagem dos ônibus da Bonavita e o pátio da Supergás, sucedida pelo da Scania. Atrás, vigiando tudo e vigiado pelo Geraldo Trinca, monsenhor Baggio, dono da igreja Coração de Jesus… Olhar à direita!: a Rua Culto à Ciência, outrora berço da melhor escola pública do Brasil. Olhar à esquerda!: esquina da Rua Cândido Gomide, rumo ao estádio e à porteira da Mogiana, o bar do seo Zé Conagim, com sorvete de milho verde no palito, e a Praça Hideo Noguchi, inaugurada em junho de 1958, para celebrar o jubileu de ouro da chegada dessa gente espetacular de olhinhos puxados.

Sete anos depois, caía o prédio da Maternidade de Campinas, aonde nasceu a maioria dos campineiros com mais de 45 anos. No ano, demoliram, sem implodir, o Teatro Municipal “Carlos Gomes”.

Antes desse terminal inaugurado já ultrapassado em 1972, para ir a São Paulo pegava-se ônibus do Cometa e do Expresso Brasileiro na Campos Salles e no Largo da Estação, Descendo pelo começo da Andrade Neves, em meio a quitandas, porta sim, porta não, guichês das empresas de “ônibus para o interior”. No Largo do Mercado, na frente da Casa Carvalho de Máquinas, do Garcia o Rei das Molas, do frigorífico Tavares e da filial das Casas Pernambucanas, ônibus para Valinhos, Sousas, Paulínia, Betel e adjacências.

Foi ali que se deu a primeira explosão num ponto de ônibus em Campinas: às duas da tarde de 9 de agosto de 1945, o motorista da empresa “Carlos Leoni”, que ia lotado para Paulínia, inventou de ver se havia gasolina no tanque, que ficava dentro do ônibus, atrás do terceiro banco. Acredite: ele acendeu um palito de fósforo para enxergar. Morreram cinco crianças e quatro adultos.

Pregado no poste: “Isso nunca aconteceu em Portugal”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *