Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Bolinhas de papel

Estamos todos lá. Veja se você também: Dárcio Dezolt, Tercílio Di Marzio (garfo), João Francisco Ginefra (embaixador de Luca), Paulo Vieira Rocha (comandante aeronáutico), Aldemir Trevisan, João di Túlio, Valéria Aparecida Godoy (a caçula), Célia, Maria do Rosário Carvalho, Ciro de Souza (o dos bailinhos), José Carlos Amin, Walter João dos Santos, Heitor Simões, eu, Reinaldo Ferrari Barros, Jane Maria Tech, Regininha Elizabeth Araújo, Omar Landi Santos (o analista político), Nelson Beraquet, Antônio Celso Arruda, Carlos Alberto Melges, Euclides de Oliveira Figueiredo Neto (sobrinho do último presidente militar), Carmen Rita Ludovici (a conselheira), Yone Tanikawa, a indiazinha guaicuru Tânia Antunes Carneiro e alguns dos quais me lembro só do apelido, e outros, só do rosto. Mas todos vão se achar lá. É só entrar na belíssima página que o Carlos Francisco de Paula Neto monta sobre o colégio “Culto à Ciência”. O endereço é http://planeta.terra.com.br/educacao/CultoaCiencia/.

Estamos numa fotografia do antigo quarto ano ginasial, em 1964. Todos somos personagens de histórias inesquecíveis, além de privilegiadíssimos alunos daquele templo. O Ginefra, por exemplo. Marcamos a reunião para fazer um trabalho de equipe na casa dele, que morava num apartamento no Largo do Pará. Enquanto aguardávamos a chegada dos outros colegas sentados num banco da praça, passou uma menina muito bonita. O Ginefra mexeu. Ela, elegante, passou, nem nos olhou. Quando subimos, o choque: ela era amiga da irmã do Ginefra e estava na casa dele. Sabe onde nós enfiamos nossa cara? Não me lembro até hoje.

Antônio Celso, o aluno mais engenhoso da escola, sentava-se a duas carteiras do Carlos Alberto Melges, filho do nosso lendário diretor, o doutor Telêmaco. Um dia, a aula de Português era com uma professora novata que, se bem me lembro, precisou mudar-se logo de Campinas. Em plena aula, para surpresa da classe, o Antônio Celso perdeu a paciência, levantou-se e estrilou: “Professora! Não agüento mais; esse menino não pára de atirar bolas de papel em mim, pô! É todo dia isso!”. O desfecho foi patético:

— Como você se chama? perguntou a mestra, ao atirador.

— Carlos Alberto Melges.

— Dona! Ele é filho do diretor!, alguém alertou.

— Ô, Antônio Celso, umas bolinhas de vez em quando não fazem mal…

Pregado no poste: “Naquele tempo, as bolinhas eram de papel — e não faziam mal…”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *