Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2008Crônicas

Berço

Por mais que a gente teime, a Regina Duarte nasceu em Franca, a Celly Campelo em Taubaté, o Santos Dumont em Minas, o Hercules Florence na França, a Maitè Prtoença em São Paulo, o César Lattes em Curitiba, o Grama em Andradas, Fausto Silva em Araras, o José Arnaldo Canisin em Tupã. Mas são pessoas que passaram ou escolheram Campinas para receber o brilho que merecem e irradiam – no caso do Zé Arnaldo, literalmente. Claro, ninguém ficaria orgulhoso ao saber que poderiam ter nascido aqui pústulas do getulismo ou da ditadura militar.

Mas terça-feira, tomei um choque ao ver a querida Gigliola Cinquetti, hoje jornalista com um programa diário de três horas de duração na “Itália Raí”, a entrevistar um historiador que descobriu: o ditador Juan Domingo Perón não nasceu em Lobos, província de Buenos Aires, mas na Sardenha, Itália.

Ele contou que “no verão de 1909, Giovanni Piras, de 14 anos, deixou a Sardenha para fazer fortuna na Argentina. Assim que chegou, foi trabalhar em uma fazenda. Suas cartas para a família rareavam já a partir de 1912, até que, poucos anos depois, cessaram. Notícias dele chegavam à Itália graças a imigrantes que retornavam: todos asseguravam que ele vivia bem, com boa saúde. Parou de escrever porque se alguém soubesse que era italiano, poderia até perder o emprego.

Na década de 50, alguém mostrou a Caterina, irmã de Giovanni, uma foto na revista People. Assim que ela a viu, começou a chorar: reconheceu seu irmão. Aquele homem fez o povo chamá-lo Juan Domingo Perón e era o presidente da Argentina.

Perón lançava frases breves e misteriosas sobre suas origens (declarava que não sabia exatamente nem onde, nem quando nascera). Na verdade, confessar que era italiano ainda hoje faria dele um traidor da pátria, pois nenhum estrangeiro poderia se tornar presidente da Argentina.”.

Assim a arrogância argentina vai pro espaço. Gardel, se não era francês, era uruguaio. Daqui a pouco, vão jurar que Maradona nasceu no Complexo do Alemão ou na Rocinha.

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Campinando — foi no Largo do Pará: garoto armou um berreiro porque fez um buraco no chão e queria levar pra casa.

Pregado no poste: “Vendo poço artesiano”

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