Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

Baranauskas, um brasileiro

Quando o cientista brasileiro Vítor Baranauskas realizou uma das maiores façanhas científicas do século 20, ao produzir diamante de álcool tirado de um pé de cana, o reitor da Unicamp daquela época visitava a Universidade de Paris. A conquista desse brasileiro de Campinas ganhou o mundo e a primeira página de um dos mais conceituados jornais desse mesmo mundo, o Le Monde. Então, o reitor da Universidade de Paris perguntou, curioso e enciumado, ao seu colega da nossa universidade: “Como é que se faz para sair na primeira página do Le Monde? A Universidade de Paris tenta há mais de trinta anos e não consegue!”.

Como todos os gênios de verdade, o Vítor é um homem humilde, característica de todas as pessoas de bem, brasileiro até a medula, que jamais negocia seus princípios nem sua alma. É mais um orgulho para Campinas e para este País de autoridades frouxas, apátridas e espertas. Sua conquista deixou o mundo de boca aberta, enquanto o Brasil nem sabe de sua existência. Mas ele continua entre nós, apesar do assédio dos estrangeiros que reconhecem seu valor.

Quando ele transformou o álcool em diamante, o nosso “Correio Popular” instituiu um concurso para dar nome ao primeiro diamante tirado da mais brasileira das fontes – limpa e renovável – o álcool de cana. Milhares de sugestões chegaram àquele laboratório de instalações improvisadas, verdadeiras gambiarras, mas capaz de produzir grandes obras, graças à fé e à competência da turma do Baranauskas. Foi essa turma, que trabalha só pelo Brasil e para os brasileiros, que escolheu o nome, sugerido por cinco pessoas: “Diana”. Um jogo com as sílabas de “diamante” e “cana”, em homenagem à deusa ecológica protetora da caça e dos bosques.

Agora, essa “Diana” dos brasileiros vai ao planeta Marte, levada pela Nasa. Enquanto o Brasil continua ignorante, de quatro, vendo suas riquezas valorizadas por outros povos. Parabéns, amigo Vítor, pela sua conquista e por continuar brasileiro, apesar de tudo.

Pregado no poste: “O Vítor não será doutor honoris causa.

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