Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2003Crônicas

Atrás da placa…

Mas esse governador fez uma promessa boa para a repórter Rose Guglielminetti: recuperar a estrada velha Campinas-São Paulo. E ela soltou na lata: “São estradas para fugir do pedágio?” Ele também respondeu na lata: “É natural.”. Bom, né?

Mas, governador, o senhor não era nascido quando o técnico Vicente Feola chamou o Garrincha para a partida de estréia do “Torto”, contra a Rússia, na Copa do Mundo da Suécia. Deu todas as instruções e perguntou ao Mané: “Você entendeu tudo direitinho?” Garrincha, do alto de sua lógica incomparável, também perguntou: “Mas o senhor combinou com os beques russos que eu tenho de fazer tudo isso?”

Explico, governador. O senhor combinou com as concessionárias e com a Justiça? É que semana passada, nossos queridos magistrados (com base na lei, claro) cassaram tentativas de rotas de fuga de pedágios na região. Liberdade ‘direbire’ — dizem na santa terrinha — só pelo caminho que eles dão. E viva a Constituição! Ih! Rimou…

Gostei de ler isso que saiu da sua boca para a pena (ou teclado?) da Rose: “Campinas, Valinhos, Vinhedo, Louveira, Jundiaí, Campo Limpo, Várzea Paulista, Francisco Morato, Franco da Rocha até São Paulo, a estrada velha de São Paulo — ela será inteirinha modernizada e sem pedágio. Recapreada, ampliada a terceira faixa, construção de acostamento onde for necessário, obras de segurança…”

Vou contar uma historinha para o senhor sobre essa estrada velha, governador. O senhor se lembra de quando campineiro tinha fama de ser bicha? Não!? É, faz tempo. Todo mundo brincava com a gente. Até um prefeito de Jundiaí, o impagável Íbis Cruz. Seu ex-colega, doutor Geraldo, o Paulo Egydio Martins (homem de coragem e competência), estava para inaugurar a Rodovia dos Bandeirantes e eu inventei de mostrar como os moradores dessas mesmas cidades que o senhor citou para Rose se sentiam, sem uma ligação com a nova superestrada.

Quando entrei no gabinete do Íbis, ele soltou:

— Você veio pela estrada velha? Então, passou ali na ‘bicha louca’? Como está a ‘bicha louca’?

— !?!?

— Estranhando o quê, campineiro? No caminho, tem uma bifurcação, com uma vilinha atrás da placa: à esquerda, Campinas; à direita, Franco da Rocha, uai! Essa vilinha o povo chama de ‘bicha louca’, porque divide o caminho entre Campinas e a cidade do hospital dos loucos…

Tudo brincadeira. Fosse nestes tempos politicamente corretos, cassariam o mandato do Íbis ou caçariam o Íbis!

Pregado no poste: “O PT era de esquerda; no governo, endireitou?”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *