Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2006Crônicas

Aglomerada solidão

Não adianta pôr veneno no esgoto, nas bocas-de-lobo, armar ratoeiras, dar porretada, chute, pedrada, pisar no rabo ou na cabeça. São oito milhões de ratos em Campinas – em Brasília também há muitos –, tantos que, logo, irão ao TRE reivindicar representação na Câmara. Será que o repórter Fábio Gallacci contou um por um? Não faltou quórum naquele dia, Fábio?

Eles são terríveis. Os dentes dos ratos não param de crescer — eles precisam roer, roer, se não, morrem de boca aberta. Imagine, que em São Paulo, eles destroem com os dentes os trilhos do metrô, cabos de transmissão de energia, o concreto das plataformas, paredes dos vagões. Pulverizam torres de energia elétrica, postes de iluminação, viadutos, pontes (guaranis, não). Corroem até verbas públicas – os ratos.

(Senhores sacristãos, bibliotecárias, diretores de museus e de edificações tombadas pelo patrimônio histórico, de ceasas, donos armazéns do Mercadão, de restaurantes, bares e lanchonetes, cuidado! Um rato dormia na churrasqueira do Zucca Leonardi e uma ratazana caiu do forro de um restaurante chique de Campinas no prato do jornalista Wilson Marini. Até os gatos fugiram.)

Como os eco-chatos proíbem usar veneno, porque faz sofrer os coitadinhos, assim como os pombos, ratos de asas, (o povo que se dane), só há duas saídas, para o controle natural. Melhor, três saídas: gata, coruja e cobra.

Diz meu amigo Fernando Brisolla, conhecedor profundo de antigas ratazanas, que o que mata mesmo é a gata de duas cores. Essa é tiro e queda, digo, bote e morte. Os outros da mesma espécie, gênero, número e grau só fazem fita, como o Tom, que nunca pega o Jerry. Gente, quando ampliavam o Vale do Anhangabaú, um operário da construtora Andrade&Gutierrez, coitado, caiu numa tubulação da Sabesp e foi atacado por ratazanas deste tamanho. Vocês não queiram saber como ele saiu de lá. Brrrr!!!

É melhor criar cobras. Mestre Carlos Laure, aqui da USP de Ribeirão Preto, fez um belo trabalho na Tailândia. Lá, o povo gosta de cobra no almoço e no jantar. Resultado, diminuiu a população de cobras e aumentou a de ratos, que começou a comer a riqueza nacional ainda nas lavouras. Solução: uma jibóia por hectare de arroz e uma em cada paiol. Cobra é mais eficaz do que coruja, porque engole tudo, não deixa rastro nem hantavírus pra contaminar a história.

Pregado no poste: “Voto nulo acaba com ratos?”

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