Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002Crônicas

Advinhe

A coleção dos livros do José Sarney, autografados pelo Lula, seu novo parceiro na política, para quem adivinhar onde aconteceram e quem são os protagonistas destas pérolas:

— Olha, eu acho que no ano que vem, a gente pode programar na ‘Semana’ a ópera “Carlos Gomes”. O autor é aquele cara, como se chama mesmo, companheiro? Isso! Salvador Rosa.

— A abertura do dia seguinte a gente faz à noite no Castelo, convida a Maria Tudor e pede para os camaradas da Funai mandar a tal de Ceci e o Peri, para serem homenageados pela senhora, “tia”. Que tal?

— É Túdor ou Nádar o sobrenome dela?

— Esperem aí… Por que fazer à noite, lá no Castelo? Pode fazer frio…

— É que ouvi falar que tem uma ópera desse Salvador Rosa, que ele fez à noite, lá no Castelo. A gente junta tudo lá e não precisa gastar com cenário! É só a Joanna trazer as folhas de Flandres, pra cobrir as barraquinhas dos camelôs que vendem churrasco de gato com cachaça. E pronto.

— Olha, me disseram que isso aqui também é bonito. Chama-se Réquiem, de Anton… Anton… Como é que se lê isso: Dvorak?

— Esquece, pode escrever Antônio de Moraes, que ninguém sabe quem é mesmo… Aproveite e traduza essa “Uma noite em Monte Calvo” para “Uma noite em Monte Pelado”, que Monte Calvo ninguém sabe onde fica.

— Em vez de “Monte Pelado”, não é melhor “Monte Careca”? Aquele padre amigo da senhora pode achar ruim…

— Outro dia, fiquei sabendo que o Beethoven morreu e eu perguntei ao professor Alexandre se ele tinha ido ao velório. Sabe o que ele me respondeu, com aquele ar irônico que eu odeio? ‘Não, no velório de Beethoven, não estive. Mas no seu, com toda certeza estarei…’

— Ele é um chato!

— Não sei por que gastam dinheiro com essas coisas. Só para contentar a elite preconceituosa dessa cidade, uma gente posuda, sem cultura, orgulhosa…

— Eles gostam de cada coisa! Ópera, música crássica, orquéstria sinfrônia, teatro, bilbrotecas, estautas…

— Ah! Mas eu achei um jeito de enganar essa gente direitinho. Descobri que o José Alencar, o vice do companheiro Lula, escreveu um livro e ele pôs o nome no livro de “O Guarani”. Tá certo que a torcida da Ponte pode achar ruim, mas a gente convida ele para uma noite de autógrafos…

— Isso! E eu soube que o Salvador Rosa até fez uma música para a torcida do Guarani e ele pode tocar junto com a ópera “Carlos Gomes”, na noite de autógrafo. Tia! Como eu não pensei nisso antes!? Vai ficar lindo!

Pregado no poste: “Grama, seo Toninho, pelo amor de Deus!”

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