Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2005Crônicas

Adivinhe quem é o bonachão

(País que solta quem ajuda a matar o pai e a mãe tem Justiça?)

Fico tiririca com esse negócio de contar o milagre e não poder contar o nome do santo. Quando sobra certeza, falta coragem. Quando sobra a coragem, a coisa não é bem assim. Por isso, gosto da minha amiga Sônia Racy, jornalista como poucas, dona de uma coluna, a “Direto da Fonte”, no ‘Estadão’, que não está nem aí. Ela solta os cachorros mesmo. Semana passada, abalou Bangu, digo o Pacaembu, quando escancarou algo parecido com isso: “Tem dedo de Carlos Jereisssati, do Shopping Iguatemi, a articulação para a Polícia Federal desmantelar a Daslu.”. Quando eu li aquilo, falei: “Pronto, melecou tudo!”. A Sônia não foi além, porque sua coluna não é de fofocas, só de negócios. Mas ela falou também dos negócios do doutor Carlos com o filho do Lula.

Ela é fogo na roupa. Houve época em que a Petrobrás é quem tinha a obrigação de pagar pelo álcool anidro, misturado à gasolina, e pelo hidratado, que vai direto ao tanque. Sempre que a estatal dava calote, eu avisava a Sônia, ela denunciava e o pagamento saía. Um dia, o empresário Cícero Junqueira Franco, um dos homens mais brasileiros que conheço, disse: “A Sônia é uma das poucas jornalistas de peito do Brasil! Cada usina de açúcar tem de pôr um busto dela na porta de cada usina!”. Passei o recado e ela devolveu: “Busto? Diz pra ele que meu sutiã é 42!”. Uma vez, um presidente da Petrobrás foi ao jornal, reclamar da Sônia para o patrão. Ela falou pouco, mas o suficiente para o indivíduo enfiar o rabo entre as pernas: “Em vez de agir assim, me desminta!” Grande Sônia! Ela usa a força da informação contra a covardia dos que querem ludibriar o povo.

Aí vêm os membros dessa corja que nos rouba desde Brasília e dizem que a elite quer ‘derrubar’ o Lulla. (Será que alguém vai acusar o Lulla ‘de roubar’ a elite? Não acredito nesse trocadilho, porque ele é de lascar.) Os caras roubam e culpam a elite? Que elite? Por que não dão os nomes? Se estiverem falando da Elite Campineira, a que mais barato vende e melhor atende, ali na Glicério, acho bom o dono da loja processar a cambada por injúria, difamação, ignorância e covardia. Ganha em qualquer um dos argumentos.

Outra reportagem que me deixou tiririca foi aquela delícia que o caipira Rogério Verzignasse (ninguém é caipira sem conhecer o Rogério) fez com os garçons mais antigos de Campinas. Eles entregaram as grosserias dos atores Antônio Fagundes e Maurício Mattar (ex-Angélica, agora com Luciano), a insensibilidade do senhor Guilherme Campos pai, a alegria e educação do Jair Rodrigues (o que não é novidade), mas deixaram no ar quem seriam três nomes que marcam a história de restaurantes: o presidente do Guarani e o diretor de uma rádio (que saíram no tapa) e um ex-prefeito bonachão, que sempre trocava a sobremesa pela amante sobre a cama, “uma morenaça que era dançarina”.

Gente, vamos nos lembrar dos tempos em brincávamos de detetive. O garçom que ‘entregou’ o bonachão é o Marmo Pereira Lima, que veio para Campinas em 1977. Muito bem. De 1977 até hoje, Campinas teve os seguintes prefeitos: Seo Pagano, Grama, José Nassif Mokarzel, Grama de novo, Jacó Bitar, Grama outra vez, Edvaldo Orsi, seo Pagano, seo Toninho, dona Izalene e seo doutor Hélio. Você decide.

Pregado no poste: “Fernandinho Beira Mar promovido para Brasília”

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