Abre…! Abre…!
— Ôi! Tudo bom? Você acha que dá para abrir agora? Você consegue?
— …
— Não. Assim, não!
— …
— Se você apertar aí, abre. Experimente…
— …
— Não. Aí, onde eu aperto sempre.
— …
— Isso! Agora, tira…
— …
— Abre… Abre mais! Mais…
— …
— Assim tá bom! Muito bom…
— …
— Você está louca? Não… Quero agora.
— …
— Pula! Pula! Pula de novo…
— …
— Abre… Abre…
— …
— Espera. Fecha e abre de novo. Assim, isso!
— …
— Como não consegue?
— …
— Faça como você fez naquela hora, uai!
— …
— Fala isso de novo pra mim…
— …
— Põe de lado.
— …
— Abre mais agora.
— …
— Vai… Vai… Vai…
— …
— Mas só isso? Por quê?
— …
— Acho que tem mais; abre de novo.
— …
— Já acabou?
— …
— Se ainda não acabou, então, fala mais.
— …
— Jura? Que bom! Você não acha!
— …
— Não, agora pula. Pula de novo…
— …
— Abre. Nossa! Tudo isso?!
— …
— Vai mais depressa!
— …
— Agora, volta…
— …
— Pula. Pula.
— …
— É grande, né?
— …
— Espera… Espera…
— …
— Como é?
— …
— Nossa!… Repete!
— …
— Que loucura!
— …
— Ai, ai, ai, ai, ai…
— …
— Continua, continua…
— …
— É demais, meu Deus!
— …
— Pula. Não! Fala de novo!
— …
— Você tem certeza de que não acabou?
— …
— Então, manda. Vai!
— …
— O que é isso que você está me dizendo?
— …
— Então? Tem mais?
— …
— Não… Me espera, daqui a pouco eu chego…
— …
— Que coisa incrível!
— …
— Já estou chegando. Só mais um pouco.
— …
— Terminou? Ainda não?
— …
— Então, fala mais.
— …
— Mais alto, mais alto…
— …
— Gostei dessa última…
— …
— Até que enfim, heim? Hoje foi demais! Nossa!
Não é nada disso que você está pensando.
Fiquei vinte minutos ouvindo um amigo conversar com a secretária pelo celular, enquanto ela lia para ele as mensagens que haviam chegado pela Internet. Só isso.
Pregado no poste: “As aparências (e audiências) enganam”