Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2010Crônicas

A pata nada

Esta crônica foi escrita pela Arlete Yoriati – lembranças dos seus tempos de Escola Estadual “João Lourenço Rodrigues”. Quem quiser que me conte as suas.

“Bem, estudei lá  de 1957 a 1960. No bolso da blusa branca, a inscrição ‘J.L.R.’ que a turminha chamava de ‘Joana Lava Roupa’. Moravam lá, numa casinha até legal, o sr. Cabral e a d. Carminha — além de inspetores de alunos, eram caseiros. Também foi inspetora d. Luzia, outro amor de pessoa, que  ensinava a gente a comer o bagaço da laranja – ‘garrafinhas cheias de ouro’. Até hoje, ao descascar uma laranja, lembro-me dela. Expedito Monteiro era diretor, marido de minha professora do segundo ano, d. Ida. A professora do primeiro ano, d. Aída Vitalli da Costa, morava na R. Antonio Lapa, acima da minha rua (Comendador Torlogo Dauntre), e a irmã dela morava na minha rua. A professora de terceira série era a d. Aparecida Piton, depois d. Maria de Lourdes Postal e a da quarta, d. Ana Joaquina Camargo, prima do cônego Camargo Mariano, da igreja Nossa Senhora das Dores, bravo… muito bravo. Também fui ‘cruzada’, mas aí já é outra história (cruzada no bom sentido!)

Cantávamos o Hino Nacional antes de entrar em aula. Uma  coordenadora de Saúde, d.Helena, fina, mas brava, examinava nossas orelhas, dentes, unhas e até nossas calcinhas… Uma de cada vez na sala.

Voto lá até hoje; quase todos se lembram: ‘Ah! Estudei nesta classe… Que saudade!’. A escola fica na Emílio Ribas esquina de Barreto Leme. No caminho, parávamos no bar do seo Zé Leiteiro e depois do seo Ariosto, pra comprar amendoim japonês e dadinhos de chocolate. A Américo Brasiliense tinha o armazém do seo Alfredo português e a quitanda da d. Maria japonesa. Tenho contato eles até hoje, graças a Deus.

A sala de aula tinha um pedestal de madeira, com muitas paisagens, que a professora abria e mandava a gente fazer composições; no fundo, um armarinho de madeira, para guardar os cadernos de Linguagem, Aritmética e os de Casa, para correção. Todos com capinha cor-de-rosa, bem fina. Ninguém rasgava e ai de quem riscasse a capa! Diretoria na certa e os pais, chamados. Morríamos de vergonha de levar chamada perto de alguém. Hoje…

Vi no ‘Correio’ fotos do ‘Culto à Ciência’ e chorei muito! Sabe o Carandiru? Acho que é mais limpo. Minha filha diz que se eu voltar a dar aulas agora, já levo um tiro no primeiro dia ou tenho outro enfarte!”

Pregado no poste: “Da bolsa família à bolsa ou a vida!”

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