Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2007Crônicas

A Keca e o Jeca

Este é um País de melecas no poder, mas felizmente ainda ricamente habitado por Kecas e Jecas. Keca é uma caipirinha, não de limão, mas de sobrenome Lima, que deixou Limeira e seus limeirais, para aprender o ofício neste nosso ‘Correio Popular’. Depois de tempos em Londres e lições de como se faz riqueza de fontes renováveis nestes canaviais de Ribeirão, aboletou-se no Rio de Janeiro para aprender como se faz riqueza de guerras renováveis – com o petróleo.

Tida, havida e respeitada na imprensa como grande conhecedora do assunto, pedi que essa caipira me aprofundasse nesse poço de óleo e gases submarinos que estão acenando. Se é verdade, agora e só agora, descobriram que quando anunciaram que sob a imensa Bacia de Campos havia outra, o que existe mesmo é essa imensa massa que ninguém ousa medir. Pois se não sabem nem o tamanho do que é petróleo e do que é gás… Era 2001.

No ano seguinte, anunciaram outra, na Bacia de Santos, deram o nome de Mexilhão e nada mais se falou. Silêncio, porque não ficaria bem contar que não tínhamos – e não temos — conhecimento suficiente para construir uma plataforma capaz de extrair aquele negócio lá do fundo a um preço que só Deus sabe.

O presidente ameaçou comprar lá fora e foi bombardeado. Mas, de fato, não podíamos fazer, porque o preço do petróleo não remunerava tamanha empreitada. Encomendaram no Japão. Ainda não sabem como trazer de lá essa engenhoca maior do que a própria sede da estatal que a encomendou. Virá aos pedaços. Pelo mar. É o povo que vai pagar mesmo…

Finalmente, enxergaram o que os ingleses da British Petroleum e os americanos da Standard Oil dos Rockefeller já sabiam desde 1936, quando Monteiro Lobato berrou “O escândalo do petróleo”. Em duas semanas venderam 10 mil exemplares.

“Prendam esse homem!”, ordenaram os gringos à canalha getulista. Foi preso. O Brasil que continuasse comprando gasolina e diesel deles. Acontece que exatamente onde os gringos diziam não haver petróleo é que ele está, sob essa faixa de mar de 800 km de comprimento, por 200 de largura, da Bahia com Espírito Santo até Santa Catarina com Rio Grande. O mapa da mentira está no livro de Lobato há 70 anos. Setenta anos separam o querido pai do Jeca da jornalista Keca, Kelly Lima para os íntimos. Matutando como Jeca, ela conclui: “Gozado, só avisam isso agora, um dia depois de a Petrobrás dizer que infelizmente seu balanço financeiro apontou uma queda de 22% no lucro.”

Pregado no poste: “É o povo que paga, mesmo…”

 

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