Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2001Crônicas

A benção

Sabe aquela mania de agredir no atacado e pedir desculpas no varejo? Ou xingar na manchete e se desculpar no asterisco, no rodapé da página? Quando alguém fica indignado com algum fato, estrila. Mas quando o motivo da bronca é reparado, vamos enaltecer. No mesmo tamanho, na mesma moeda, na mesma seção, nesta crônica…

Há dois anos, quando a Companhia Paulista de Força e Luz arrasou a Avenida Orosimbo Maia, matando e esfolando mais de uma centena de paineiras, jatobás, seringueiras, amoreiras, aroeiras, deixando a avenida sem eira nem beira, nós, aqui, e você, aí, perdemos a estribeira. Ninguém xingou a mãe de ninguém, mas faltou pouco.       Se o velho Orosimbo, nosso ex-prefeito no início do século passado, fosse vivo, nem a mãe escaparia. Dizem que ele era um homem muito bravo.

Agora, a CPFL (e isso é bonito), reconhece a maldade que fez com a cidade e promete deixar a avenida mais bonita do que era. Palavra do presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, anunciada entre seo Toninho e dona Izalene Tiene, para a repórter Rose Guglielminetti. É um presente para Campinas no dia de seu aniversário, 14 de julho.

Na época, o Ministério Público foi fundo e encostou a CPFL na parede. Exigiu reparação do dano. Ela também foi fundo e promete embelezar e dar brilho a três quilômetros da avenida. Aceita uma sugestão, caro presidente Wilson? Onde está o busto do seo Orosimbo? Antigamente, ele ficava no começo da avenida, perto do Centro de Saúde. Nunca mais passei por ali e isso faz mais de quarto de século. Que tal dar um pedestal digno para esse grande prefeito? Concorda seo Toninho?

Posso dar outra sugestão, presidente? Convide o cônego Caran para abençoar a obra no dia da inauguração. Ele adora árvores.

Por fim, uma sugestão ao Ministério Público: não dá para mover uma ação civil pública ou coisa parecida para descobrir e, claro, punir quem matou o Alecrim de Campinas que embelezava o Largo da Catedral?

Pregado no poste: “Estão voltando as luzes?”

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