Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2002

@

Todo mundo já deve saber, mas eu vou contar, porque só descobri agora como o símbolo da arroba virou marca registrada da Internet e seus e-mails. Quem conta é o repórter Michael McCarthy, do Wall Street Journal. O dito cujo foi ressuscitado pela informática – estava morrendo. Desapareceu das máquinas de escrever americanas ainda nos anos 20, onde estava desde 1884, como sinônimo de “at”, que quer dizer “em”, “no”, “na” e “até”. Mas sua origem vem da Europa Medieval, século 8, por aí, usado com o mesmo significado pelos escribas de antanho, para economizar espaço nos pergaminhos. Representava o “ad”, do Latim. Diz o professor Berthold Ullman, da Universidade de Chicago, que o “@” nasceu junto com o ponto de interrogação.
Pelo menos no meu tempo de estudante, o “@” era usado nas aulas de Aritmética para simplificar (ou complicar?) o texto dos problemas e indicava 15 quilos. Até hoje, no Brasil, ele é a base das contas na roça, medindo produção de café, algodão e do boi, quando chega ao frigorífico. (Puts! Uma vez, demos conta de que juntando Fausto Silva, Roberto Godoy e eu, valíamos 24 arrobas – um boi e meio que, hoje, não vale, mais do que R$ 1.000,00 no mercado da carne. Que miséria…).
O repórter conta também que na África do Sul, o “@” é chamado de “rabo de macaco”; na China, de “ratinho” e na Itália, de “caracol”. Não sei por que. Também, não perguntei. Nos Estados Unidos, é “commercial at” ou símbolo comercial da preposição “at”. No teclado das velhas máquinas americanas, ele pulava entre o maiúsculo do “V”, do “Z” e do símbolo do centavo de dólar. Depois da Segunda Guerra, foi sumindo, sumindo, sumiu!
Quem enfiou o “@” na era digital, em 1971, foi Romy Tomlinson, programador de computadores de Cambridge. Pioneiro do correio eletrônico, ele buscava um sinal que isolasse o nome e o local num endereço eletrônico, para que o computador não confundisse os dois. “Não havia muita opção no teclado”, justificou para Michael McCarthy, e marcou seu endereço: tomlinson@bbn-tenexa.
Aqui no Brasil, quando deixar definitivamente a roça, lugar de gente honesta, o “@” caberá bem como endereço de certos governantes.
Pregado no poste: governo@opovo.br

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