Moacyr Castro

Crônicas, reportagens e entrevistas.

2009Crônicas

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(Recebi a seguinte mensagem cifrada, pelo carteiro: 829234 Ag. Suporte Técnico de Turismo 10.178,31. Alguém decifra?)

Mas deu um quebra pau numa cidadezinha aqui perto dia desses… Nossa! Você já viu mãe bater em filho adulto, homem feito, casado, pai e arrimo de família? Mereceu. Noite de sábado, a quermesse para ajudar a paróquia havia terminado e os quatro finalistas da tômbola foram para o teste de conhecimentos gerais. O vencedor ia levar uns mil reais, deduzida a parte da creche. Dava até para inteirar o tanto que faltava e comprar aquele terreninho no fundo da igreja, onde a Luzia cuidava da horta do padre. Veja você!

Tudo no Largo da Matriz – templo tão pequeno, deveria ser Largo da Filial; em todo caso… O lugarejo até que já foi grandinho, viu? Mas perdeu a estrada de ferro, a estação agora é pedestrel (motel para pedestres), fechou a filial das Casas Pernambucanas, até da Caixa Econômica do Estado de São Paulo. O cinema, erguido lá nos anos quarentas, também foi para o beleléu, mas não virou templo caça-níquel – acho que é porque não tinha bilheteria. Sei lá.

Sei que aquele filho da mãe tinha de responder à seguinte pergunta, formulada pelo animador da festa, o mesmo que cantara as pedrinhas na tômbola:

— Qual o nome do filme com a Ingrid Bergman e o Humphrey Bogart, cuja história se passa durante a Segunda Guerra?

O cretino soltou:

— Marrrrocos!!!

Puts! A mãe saiu atrás dele com dois guarda-chuvas.

— Seu burro! Você vai lamber esse cabo de guarda-chuva! Já viu coisa mais encardida, seu porco! Você vai acordar no Marrocos, sua besta!

O cara sumiu na noite. A mãe, irada, tremia. Perdeu justo aqueles mil reais. Seu Juca, ainda com o jaleco sujo da feira, tentou confortá-la:

— Dona Clotilde, trouxe para a senhora! Pega! Será que esta banana serve de consolo?

Até hoje ele não sabe de onde vieram as duas bofetadas que as filhas daquela mãe mandaram ver no pescoço dele. “Que falta de respeito!”

Tudo verdade. Como também é verdade neste país aonde seu presidente nomeou para juiz do Supremo Tribunal Federal um homem reprovado duas vezes num concurso para juiz e foi condenado no Amapá por desvio de dinheiro. O mesmo Lulla que se omite enquanto seu ministro do Meio Ambiente, maconheiro confesso, freqüenta inferninhos no Rio de Janeiro, cantando loas às drogas. Depois dessas, vocês ainda acham que aquele coitado merecia levar guarda-chuvadas da mãe, porque confundiu a capital (Casablanca) com o país (Marrocos)? Garanto que aqui em Campinas, alguém responderia “Teatro Castro Mendes”. Duvida? (Para você que é novo aqui, explico: o antigo nome do Teatro Castro Mendes era Cine Casablanca.).

Pregado no poste: “Brasília é uma cidade entre parentes”

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